“Surpresa de outubro” atinge Hillary na reta final da eleição

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 29/10/2016 10h34
CJX01. MANCHESTER (EE.UU.), 24/10/2016.- La candidata presidencial estadounidense por el Partido Demócrata, Hillary Clinton, habla durante una acto de su campaña electoral, hoy, 24 de octubre de 2016, en el St Anselm College de Manchester, Nueva Hampshire. EFE/CJ GUNTHER EFE/CJ GUNTHER Hillary Clinton

Não é à toa que existe a expressão surpresa de outubro na reta final das eleições americanas. Aconteceu de novo e num lance bizarro. Onze dias antes da escolha entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, veio o anúncio contido e vago do FBI: e-mails serão checados como parte de uma renovada investigação sobre o uso por Hillary de um servidor privado dos tempos em que ela era secretária de Estado.

Hillary já escapara de acusações criminais em julho, mas não do estrago político, que agora pode se agravar dias antes das eleições. Neste momento político tão inusitado, graças à presença de Mr. Trump, temos desdobramentos bizarros. A nova fase de investigações envolve e-mails encontrados em um computador que pertence a um ex-deputado, agora separado da assessora braço-direito de Hillary.

Este ex-deputado, Anthony Weiner, é alvo de investigações nada relacionadas com o caso de Hillary, envolvendo troca de mensagens sexuais com mulheres, inclusive uma menor de idade. O fato é que a sua sujeira chegou no ventilador de Hillary Clinton.

No passado, Trump era apoplético para atacar o FBI como corrupto e a serviço de Hillary. Na sexta-feira, eufórico como o novo escândalo, o candidato republicano elogiou o diretor do FBI. Já os democratas, invertendo os papéis, estão furiosos e exigem uma plena explicação do FBI.

No entanto, não sabemos se estes esclarecimentos virão até a eleição do dia 8 (ou se haverá um impacto legal). O dano político, porém, é escancarado. Hillary tem vantagem nas pesquisas sobre Trump, mas ela já estreitara antes desta surpresa de outubro. Era na faixa de 4 a 6 pontos. E agora?

Eleitores indecisos e independentes podem virar as costas para a democrata, pois o caso carrega ainda mais a nuvem sobre ela, de desonestidade e de falta de transparência. Setores da base democrata podem esfriar, enquanto gente republicana relutante com Trump pode cravar o voto nele com desenvoltura, decidindo que Hillary é o mal maior.

Portanto, mesmo que este nova investigação não traga nada de substancial, o impacto político é significativo, talvez devastador. Mesmo que não interrompa a caminhada de Hillary para a Casa Branca, sua vida será mais infernal do que ela se calculara, ao assumir a presidência em 20 de janeiro.

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