Temer ganha legitimidade de Washington

  • Por Caio Blinder
  • 20/05/2016 09h30
EFE/Fernando Bizerra Jr. Fotos Henrique Meirelles - ministro da Fazenda
Na frente externa, até que as coisas caminham bem para o presidente interino Michel Temer. Vamos começar por Washington. Na última quarta-feira (18), pela primeira vez, o governo americano, através do seu embaixador na Organização dos Estados Americanos, a OEA, foi taxativo. Não existe um golpe em curso no Brasil. O processo de impeachment de Dilma Rousseff segue os preceitos constitucionais. Traduzindo: o Brasil vive um tumulto político, mas dentro da ordem democrática.

A postura americana é bem-vinda, mas obviamente não deve abafar a balbúrdia dos suspeitos habituais, a começar por Nicolás Maduro. Ele, ao lado de ditadores como Raúl Castro, denunciam o golpe no Brasil. Nada mais bizarro. O chavismo, que degringola e reprime a mobilização por uma mudança pacífica na Venezuela, reclama da mudança democrática e dentro da lei no Brasil. 
 
Claro está que, para os bolivarianos, esta posição correta do governo americano, que não está interessado em se intrometer em assuntos internos do Brasil, como Nicolás Maduro, vai municiar a lenga-lenga de que o governo Temer é reacionário e a serviço do imperialismo ianque. 
 
Dá para acreditar num blá blá blá tão surrado, tão anos 60? Nos blogs petistas, então, nem se fala. O que dizem? Ora, era de esperar que os ianques apoiassem este golpe das elites em 2016 como apoiaram o golpe de 1964.
 
Falando em elites, na edição de quinta-feira (19), o jornal Financial Times tem uma análise muito interessante sobre o Brasil. Diz que não está fácil para Temer engatinhar, Precisou nomear gente muito suspeita para o ministério no malabarismo, ou no feitiço, para atender às demandas de múltiplos partidos que o levaram ao poder em meio a baixas expectativas populares.
 
Para o Financial Times, apesar das críticas, Temer ficará firme, pois precisa manter uma delicada coalizão de governo.  Não pode recuar para costurar uma base de apoio no Congresso, já que isto é crucial para obter a meta essencial do seu governo de emergência: tirar a economia do seu estado lastimável.
 
Para um bom desempenho econômico, Temer convocou Henrique Meirelles, que escalou o chamado dream team no setor. O Financial Times conclui de forma instigante sua análise. A falta de um mandato eleitoral pode ser uma vantagem para Temer. Como na China da ditadura comunista, no Brasil de agora existe um contrato social não escrito. O essencial é a economia funcionar.
 
Caso Temer não tenha um bom desempenho na economa, o Brasil irá encontrar uma forma de se desfazer dele como fez com Dilma Rousseff.

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