Tempestade eleitoral com turbulências quase nunca antes vistas agita os EUA

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 25/01/2016 08h11
EFE/EPA/JIM LO SCALZO Trabalhadores retiram neve de frente do Capitólio

A primeira grande tempestade de neve da temporada passou pelos Estados Unidos no fim de semana. Mas só cresce a tempestade eleitoral, com turbulências raramente vistas na história deste país. Exatamente dentro de uma semana, começa o ciclo de primárias presidenciais, ou seja, de escolhas dos candidatos dos republicanos e dos democratas.

O tiro de largada será no pequeno estado de Iowa na segunda-feira que vem. Os dois candidatos serão consagrados nas convenções partidárias em julho e irão travar o grande duelo em 8 de novembro. Nós aqui na costa leste fomos poupados da campanha no fim de semana, mais entretidos com Jonas, o nome da nevasca. De qualquer forma, o foco dos candidatos é Iowa, onde não cessam de fazer comícios.

Em termos nacionais, o bilionário bufão Donald Trump lidera as pesquisas republicanas beirando os 40 por cento. Na segunda colocação, está o ultraconservador Ted Cruz com menos de 20%. Candidatos menos radicais ou exóticos estão bem distantes na corrida. Existe na verdade um clima de guerra civil entre os republicanos com suas elites vivendo o dilema: quem é menos pior? Trump ou Cruz? Na analogia de um político republicano, é como decidir entre Hitler e Stálin.

O show Trump, que de fato transformou a corrida eleitoral em reality-show é incomparável. No sábado, para a alegria de seus partidários enfeitiçados, ele disse na piada sem graça que não perderia votos mesmo se atirasse em alguém na Quinta Avenida.

Do lado democrata, a máquina Hillary Clinton mais uma vez parece emperrada, como nas primárias de 2008 quando a ex-primeira-dama parecia invencível e perdeu para Barack Obama. O seu desafio é Bernie Sanders, que avança pela esquerda e seu fenômeno é similar ao descontentamento do lado conservador com Donald Trump e Ted Cruz. Um setor significativo da população americana está simplesmente enfurecido com o que está aí e fulmina políticos convencionais.

Eu pessoalmente não aposto na repetição de 2008 e Hillary Clinton será a candidata democrata. Parei de especular sobre a corrida republicana, muito mais volátil e bizarra. E tudo pode ficar mais imprevisto com o balão de ensaio do fim de semana. O bilionário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg flerta com uma candidatura independente caso do lado republicano o candidato seja Trump ou Cruz e do lado democrata emperre a máquina Hillary. A decisão de Bloomberg sobre entrar na corrida e gastar 1 bilihão de dólares seria feita em março.

Até lá, muitas tempestades naturais e políticas.

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