Tese do suicídio de Nisman lembra cena forjada no caso de Vladimir Herzog

  • Por Jovem Pan
  • 23/01/2015 16h30
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EFE O procurador argentino Alberto Nisman foi encontrado morto em sua casa

“Estou convencida de que não foi suicídio”, escreveu a presidente argentina Cristina Kirchner em nota divulgada em sua conta oficial no Twitter e no Facebook, sobre a morte do procurador Alberto Nisman.

A guinada da presidente Cristina Kirchner surprendeu até seus mais próximos assessores dentro da Casa Rosada –  que conhecem a sua bipolaridade -, e que agora precisam sintonizar o discurso com ela.

Que estranha maneira de vir a público  manifestar-se  sobre assunto tão grave!

Multiplicam-se as perguntas e dúvidas sobre a morte de Nisman, faltam respostas, sobra revolta.  A sociedade argentina é conhecida por suas mães e avós engajadas da Plaza de Maio e por ruidosos panelaços quando há descontentamento.

Milhares saíram ás ruas pedindo que se apure não só a morte do promotor mas também o atentado contra a AMIA que permanece impune depois de matar 85 pessoas.

Não sabemos o que há por trás do episódio que gerou uma das piores crises políticas na Argentina. Num mundo cada vez mais ameaçado pelo terror, se la Kirchner não sabe é preocupante.

À primeira vista, a tese do suicídio me lembrou o caso de Vladimir Herzog, quando o regime militar  tentou convencer a sociedade que o jornalista da TV Cultura tinha se enforcado em sua cela, forjando uma cena pouco crível.

À época, o rabino Henry Sobel recusou-se a enterrar Herzog fora dos muros do cemitério judaico, lugar destinado aos suicidas  pois pela religião israelita,  ninguém têm direito de atentar contra a vida. Sobel afirmou  corajosamente que tratava-se de um embuste.

Alberto Nisman que também é judeu será enterrado ao lado das vítimas do atentado e não como suicida.

Enquanto a Justiça  argentina segue com as investigações sobre a morte dele Cristina Kirchner acreditava que era vítima de um complô contra o seu governo.

No domingo, chamava a promotoria de “duvidosa”, agora tem de lidar com um novo mártir. E terá de lidar com as implicações dessa história mal contada nas eleições desse ano. Desqualificar o promotor é chutar cachorro morto, enquanto Cristina continuar dizendo coisas desse tipo: “Usaram o promotor vivo e depois necessitaram dele morto.” ficará cada vez mais desacreditada.

A presidente deve ser a primeira interessada em elucidar o caso e desenterrar de vez as circunstâncias e os autores do maior atentado ocorrido na América Latina.  

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