Tragédia na Flórida polariza ciclo eleitoral épico nos EUA
Donald Trump e Hillary Clinton mantiveram suas vantagens e trocaram acusações sobre combate ao terrorismo
Três dos temas que mais polarizam, comovem e mobilizam a sociedade americana confluíram e colidiram, na madrugada do passado domingo (12), com o atentado terrorista na boate gay de Orlando, na Flórida. São eles: os direitos dos gays, o controle de armas e, obviamente, o terrorismo.
O massacre de 50 pessoas aconteceu duas semanas antes do primeiro aniversário da decisão da Corte Suprema que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e no final de semana em que ocorrem celebrações do orgulho gay em várias cidades norte-americanas.
O atentado foi praticado no mês sagrado do Ramadã por um cidadão americano nascido em Nova York e cuja família, muçulmana, veio do Afeganistão. Pouco antes do massacre, Omar Mateen jurou lealdade ao grupo terrorista Estado Islâmico.
Embora tenha sido questionado duas vezes pelo FBI por declarações extremistas, ele não teve nenhum problema em comprar armas legalmente, inclusive um fuzil de assalto, o mesmo usado em massacres como o do cinema no Colorado ou na escola em Connecticut.
Nenhuma surpresa no fogo cruzado da última segunda-feira (13). Hillary Clinton, a candidata democrata à presidência, propondo restrições ao uso de armas como as usadas em Orlando. Donald Trump, o candidato republicano, contra as restrições. Hillary propondo uma luta dura contra o terror, mas evitando o tom bombástico e o vale-tudo do demagogo Trump.
Conclusão: a confluência destas correntes em um incidente turva mais as águas, ao invés de trazer mais clareza ou um propósito definido aos Estados Unidos.
A sociedade está esquisita. O massacre de domingo reforçou as ansiedades, que, claramente, são aproveitadas por Trump, o oportunista-chefe. Por outro lado, existe uma sensacão de que o terror é o novo normal, ou seja, os norte-americanos convivem com sua vulnerabilidade.
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, houve um instantâneo momento de solidariedade nacional. Isto é pré-história. A polarização foi marcante desde o momento em que se soube o que acontecera em Orlando. A polarização fica ainda mais patente porque a tragédia ocorre em um ciclo eleitoral definido como épico.
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