Transe 2: Parlamentarismo para 2018! É preciso tornar estável a instabilidade

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 08/08/2016 09h53
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BIE - Banco de imagens externas: Vista aérea da Bandeira Nacional. Uma gigantesca bandeira nacional pende continuamente no mastro da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Feita de náilon paraquedas, ela tem 20 metros de comprimento e 14 metros de altura. São 280 metros quadrados. Desde 2000, uma empresa de Cascavel (PR) confecciona a bandeira, que é trocada todo mês. Diz Sérgio Tomasetto, proprietário da fábrica: - Grande parte das bandeiras tem o preto e o vermelho, que indicam que o país enfrentou guerra. A nossa, não. O verde e o amarelo formam uma combinação singular, que torna a nossa bandeira bela, emocionante e inconfundível. Jefferson Rudy/Agência Senado Bandeira do Brasil

Na reta final do impeachment — e poucos duvidam que Dilma Rousseff será defenestrada —, tudo está certo e nada no lugar. Como diria Camões, a firmeza está apenas na inconstância. Se é assim, acho que é chegada a hora de o país pensar em construir um edifício institucional com molas, que acomode movimentos sísmicos, que não vão parar tão cedo.

O movimento das placas tectônicas vai durar ainda muito tempo. Temos tarefas: é preciso alimentar os brasileiros, dar-lhes empregos, chances de futuro, educação, saúde… Ninguém investe dinheiro na instabilidade, a não ser os especuladores. É por isso que é preciso tornar estável o movimento — para que as surpresas, por contraditório que isto possa parecer, obedeçam a um padrão.

Já afirmei isto aqui e em todos os veículos em que atuo: tudo indica que as delações da Odebrecht e da OAS — sempre a depender de provas — vão determinar os sobreviventes da política brasileira. Neste fim de semana, nuvens se adensaram sobre o céu do PMDB e do PSDB. Os petistas, como sabemos, já estão destroçados. E não! Ainda não sabemos o que é verdade, o que é mentira, o que é simples especulação. Mas isso não elimina o principal problema no curto prazo: a imprevisibilidade.

A chance de se ministrar um remédio errado a partir de um diagnóstico equivocado é gigantesca. Se já não vamos, como país, muito bem das pernas, a possibilidade de que tudo possa ficar pior nunca foi tão clara.

Não vou escrever aqui nenhuma novidade: não combato, na atual quadra da política, apenas o caixa dois e a roubalheira. São crimes! Seus responsáveis têm de ser punidos. Mas a narrativa de que o mal é esse é coisa de petistas; obedece ao padrão Lula: “Todos fizeram e fazem; nós também. Logo, se todos pecam, todos estão absolvidos”.

Uma ova! No poder, o PT foi mais do que um usuário de caixa dois — para efeitos de raciocínio, vamos supor que todos sejam — ou um ladrão de dinheiro público: também nesse caso, vamos partir do princípio de que essa é a regra. Os petistas também foram ladrões da institucionalidade. Atuaram para destruir os outros partidos políticos; para fazer uma reforma que os eternizasse no poder; para censurar a imprensa; para se estabelecer, em suma, como única força política viável.

Para realizar o seu projeto, os petistas hipertrofiaram o estado; conduziram a economia à ruína — é a maior recessão de sua história —; hostilizaram o capital privado virtuoso, tornando-se, na prática, sócios de empresários eleitos; atrelaram as eleições à distribuição de benesses, transformando políticas sociais em máquina de caçar votos; jogaram abertamente em parceria com a inflação e destruíram as contas públicas.

ATENÇÃO! ISSO EM NADA MINIMIZA OS CRIMES EVENTUALMENTE COMETIDOS POR OUTROS PARTIDOS E POR POLÍTICOS DE OUTRAS LEGENDAS. MAS NÃO VOU CAIR NA FARSA PETISTA DE QUE É TUDO A MESMA COISA.

Que os peemedebistas, tucanos e outros tantos, a exemplo de petistas, paguem por eventuais transgressões à lei. Mas rejeito com veemência o “são todos iguais”. Se, a alguns, não faz diferença que o PMDB tenha tirado como resolução de seu congresso a liberdade de imprensa, a mim faz. Se a alguns não faz diferença que o PSDB não exercite, por princípio, a política da intolerância e não tenha um projeto hegemônico que aniquila as outras forças, a mim faz.

Sim, que todos paguem. Mas eu me nego a considerar que todos são iguais. Além das questões penais, que podem e devem ser levadas às últimas consequências, há as questões que dizem respeito à política e que continuam a ter seu espaço autônomo.

Resposta

Dito isso, vamos a uma resposta que considero necessária. A primeira tentação, agora, será gritar: “Eleições já!”. Pois é. Eis a hora pela qual anseiam os “puros” da extrema esquerda e da extrema direita, aqueles que “não têm nada a ver com isso o que está aí”. Digamos que não tivessem: eles têm uma resposta para os desafios que estão dados?

Fico cá pensando nas lições de educação moral e cívica que os “limpinhos” como Marcelo Freixo, Luíza Erundina, Bolsonaro ou, quem sabe, Marina Silva (será mesmo?) têm a dar ao Brasil. No caso da Rede, vejo o seu senador empenhado, por exemplo, em votar contra o impeachment de Dilma…

Penso, em particular, na resposta das esquerdas que se querem autênticas: elas têm uma solução para a crise: aumentar o poder do estado, o que é sinônimo de ampliar o campo de atuação dos corruptos.

Parlamentarismo já

Precisamos de um sistema que absorva as crises, que balance, mas não caia. Os grandes partidos deveriam dar início agora, e não depois, a um entendimento que preserve algumas instâncias do estado — Banco Central e Receita, por exemplo — dos movimentos sísmicos da política para que esta, na crosta, possa chacoalhar à vontade.

Eu não me importo de acordar e ter de perguntar: “Quem é o primeiro-ministro hoje?”, desde que as regras que organizam a economia, por exemplo, sejam estáveis.

É preciso pôr fim ao presidencialismo já, com vistas a 2018. Não podemos é deixar a política exposta à ação de milagreiros. É claro que as esquerdas vão chiar e tentar impedir. E cumpre que a gente as impeça de nos roubar o futuro.

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