Truculentos “trumpetes” usam táticas de agitação de algum manual soviético

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 11/02/2017 10h31
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Eu tenho convivência íntima com antissemitas e petistas nas redes sociais. Sendo mais rigoroso, devo admitir que as brigadas de choque destas duas categorias estão ultimamente um pouco mais distantes do meu convívio. Foram substituídas pelos trumpistas, que eu alcunho de trumpetes. Em geral, é o mesmo pessoal que torce pelos Bolsonaros no Brasil.

Em termos de modo de operação, não vejo muito diferença entre antissemitas, petistas e trumpetes. Aliás, o que impressiona neste pessoal truculento é o uso de algumas táticas de agitação que saíram de algum manual soviético. Nenhuma surpresa que haja adoração de Putin, o ex-coronel da KGB, entre trumpetes.

A jóia da coroa do manual de agitação e propaganda soviética era algo conhecido em inglês como whataboutism, ou seja, se surgia alguma crítica sobre uma mazela na União Soviética, lá vinha o petardo, and what about, e a respeito dos Estados Unidos? E a respeito do racismo americano? E a respeito do  imperialismo americano? A ideia era mudar o eixo do debate sobre a mazela soviética para a mazela americana.

O negócio hoje dos trumpetes é mesma coisa. Vem uma referência sobre o presidente de plantão e não tarda a lembrança: e a respeito do Barack Obama? Claro que o whataboutism somente é suplantado como tática de agitação e propaganda trumpete pelo bordão fake news, as notícias falsas. Tudo que é negativo sobre Trump é falso, inclusive obviamente a lembrança de que ele é o presidente pós-verdade, infatigável para expressar seu descaso pelos fatos, até os mais óbvios.

O whataboutism soviético sempre foi exasperante com suas equivalências marotas, falsos paralelos e analogias bizarras. Putin o restaurou com todas as glórias, especialmente a partir de 2012. É um mestre e seus aprendizes exemplares são Trump e os trumpetes. 

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