Trump ataca Hillary para, depois, viajar à Escócia

  • Por Caio Blinder
  • 24/06/2016 11h07
Hillary Clinton.com / Michael Vadon/ Wikimédia Commons Donald Trump e Hillary Clinton
 Na última quarta-feira (22), o candidato republicano Donald Trump desferiu um ataque frontal contra a rival democrata Hillary Clinton, qualificando-a de a candidata mais corrupta na historia americana, uma mentirosa de primeira classe e advertiu que sua política externa será um desastre. 
E o que faz Trump no dia seguinte? Na passada quinta-feira (23), ele partiu para o exterior para sua primeira viagem desde que triunfou nas prévias republicanas. No entanto, a viagem não serve para consultas com líderes estrangeiros ou para visita a lugares históricos. Será uma sexta-feira (24) de visitas a dois dos seus campos de golfe na Escócia.
O bilionário, mais uma vez, mostra não ser um presidenciável convencional. Ele sequer pode ser considerado como tal. No calor da luta eleitoral, o magnata mistura os negócios públicos com os privados. 
Com a visita, Trump constrange o comando do Partido Republicano, que, de alguma forma, tenta chegar a um acordo de coexistência com a pessoa que a base escolheu para representar a legenda na eleição de novembro, uma opção, claro, que recaiu em alguém demagógico, perigoso, imprevisível e movido a insultos.
Líderes republicanos ficaram aliviados com o bom comportamento do empresário, em discurso na quarta-feira passada. Eu digo “bom comportamento”, com aspas. Qual foi a grande proeza? Trump usou teleprompter e pouco se afastou do texto escrito. Também quebrou sua rotina, deixando de insultar mexicanos, muçulmanos e outros políticos de sua bancada, além de evitar bravatas sobre suas glórias na corrida das primárias. 
O único alvo dos insultos foi Hillary Clinton, com ataques marcados por falsidades sobre fatos elementares e ausência de propostas plausíveis para resolver os problemas globais.
Sem ilusões, foi uma mudança mais de estilo do que de substância e que deve ter decepcionado sua base popular, que adora o espetáculo, o reality-show e cenas de um candidato que, no meio da campanha, vai promover os seus próprios produtos no exterior.
Além disso, não vamos esquecer que é difícil imaginar que Trump deixe de ser Trump até o remoto dia 8 de novembro, data marcada para as eleições norte-americanas.

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