Trump é fator novo na guerra entre Ucrânia e Rússia

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 02/02/2017 06h07
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WAS30. WASHINGTON DC (EE.UU.), 23/01/2017.- El presidente estadounidense, Donald J. Trump, participa en una sesión de líderes del sector Trabajo en el Salón Roosevelt de la Casa Blanca en Washington DC hoy, 23 de enero de 2017. EFE/Ron Sachs/POOL EFE/Ron Sachs Donald Trump durante sessão no Salão Roosevelt na Casa Branca

Acredito ser saudável ter uma obsessão jornalística com Donald Trump. Algo natural pela figura em si e cada vez mais por sua importância global. Mas, tenho outras obsessões no meu trabalho e uma delas é a Ucrânia, cada vez mais velha de guerra desde a agressão de Vladimir Putin em 2014, com a anexação da Crimeia e o patrocínio de separatistas no leste do país.

Com mais um cessar-fogo em vigor, os combates tinham amainado entre as forças governamentais e os rebeldes. No entanto, eles recrudesceram nos últimos dias e justamente na quarta-feira, a Ucrânia assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU (o país é membro não permanente).

Com isso, a guerra civil (e de Vladimir Putin também) ganha destaque na pauta do Conselho de Segurança, aquele em que a Rússia tem poder de veto. Esta semana, o presidente Petro Poroshenko encurtou uma viagem à Alemanha devido aos combates no fim de semana perto da fronteira russa, que deixaram sete soldados governamentais mortos.

Para a população civil na zona de combate é aflição de falta de eletricidade, água e aquecimento, com a temperatura na faixa dos 20 graus negativos (lembram-se? Frente Russa). Nenhuma surpresa que os dois lados troquem acusações sobre quem provocou a nova escalada, um padrão neste conflito que deixou quase 10 mil mortos desde o começo de 2014.

O fator novo obviamente é Trump (perdão, impossível ignorá-lo em 2017). Camarada com Putin, o novo presidente americano causa especial apreensão em Kiev. Há o temor de que ele apronte alguma armação com Putin para suspender sanções contra a Rússia em troca de apoio na luta contra o terror islâmico ou a promessa do ex-coronel da KGB de que ele irá conter o seu entusiasmo com novas agressões na Europa Oriental.

Naquelas bandas da Europa Oriental, não se acredita em promessa de Putin. Embora ele esteja em evidência por segurar a barra do ditador Bashar Assad na guerra civil síria e pela intromissão na eleição americana de 2016, o que acontece na Ucrânia reaviva a memória de que o ex-coronel da KGB ainda é a maior ameaça na sua própria vizinhança.

Assim como em Kiev, em capitais de países da região, como a Polônia e as pequenas nações bálticas existe apreensão com os planos de Trump,  que caracteriza como “obsoleta”, a Otan, a aliança militar ocidental da qual eles são integrantes.

Incertos sobre o futuro, estes países promovem a criação de milícias civis para conter o que a Polônia define como “intenções agressivas da Rússia”. Se as coisas fugirem ao controle, poderemos vislumbrar uma ampla frente russa.

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