Trump é presidente legítimo; boicotar posse é tiro pela culatra
Parte do eleitorado republicano nunca conferiu o devido respeito ao presidente Barack Obama. Donald Trump esteve por anos a fio na vanguarda da campanha para minar a legitimidade de Obama com a farsa de que ele não nascera nos EUA. Jamais teve a decência de pedir desculpas por participar e incentivar a pantomina.
Responder na mesma moeda falsa não é o caminho. Trump deverá ser empossado na sexta-feira e uma transferência pacífica e democrática de poder terá lugar em um clima de rancor partidário.
Um crescente número de deputados democratas decidiu boicotar a cerimônia de posse, incentivados pelo icônico deputado John Lewis, herói da luta contra a segregação racial.
Lewis disse no fim de semana que não considera Trump um presidente legítimo. Horroroso e pequeno como de hábito, Trump investiu contra Lewis. Claro que o deputado não é vaca sagrada e pode e deve ser criticado por sua atitude. Trump no entanto é Trump, incapaz de se mostrar magnânimo e de se colocar em um patamar mais elevado, como acontece com uma pessoa com mais autoconfiança.
Até entendo a sensibilidade exaltada de Trump. Não é fácil vencer a eleição sem ganhar no voto popular, mas apenas no Colégio Eleitoral. Nada fácil ter sua legitimidade questionada em razão da interferência russa na vida política americana.
No entanto, é o que é. Justo investigar o que os russos fizeram e fundamental deter o esforço de Vladimir Putin para desacreditar as instituições americanas. Mas Trump, por mais horroroso que seja, é presidente legítimo. Que seja resistido e que os democratas aprendam a virar o jogo no próximo ciclo eleitoral, mas é um erro a quebra de decoro na sexta-feira.
Ademais, este boicote é um tiro pela culatra. Como deseja Putin, enfraquece os pilares da democracia americana e dá argumentos para as hostes de Trump de que os democratas não passam de um bando de chorões.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.