Trump está apoplético e aproveita para demonizar mais a imprensa
Como o capitão Renault no filme Casablanca, Donald Trump está chocado, chocado com a disseminação de notícias falsas, como a divulgação do tal dossiê de que os russos teriam informações comprometedoras sobre o presidente-eleito dos EUA. É aquilo que no país do ex-coronel da KGB, Vladimir Putin, é conhecido como kompromat. No caso deste tal dossiê, rocambolesco, rocambolesco.
Trump, na verdade, está apoplético, apoplético e aproveita para demonizar um pouco mais a imprensa. No entanto, o presidente-eleito estava tomando do seu próprio veneno. Afinal, ele passou anos a fio propagando a baboseira de que a certidão de nascimento do presidente Barack Obama era falsa. O mesmo Trump que se indigna com o lixo fabricado por fontes suspeitas arrotava anos atrás que recebera de “fontes seguras” as provas de que Obama, o queniano, era um forjador.
O escarcéu sobre o tal do dossiê ocupou na quarta-feira boa parte da primeira coletiva de imprensa de Trump em seis meses. Notícias verdadeiras também abundaram, como a admissão do presidente-eleito de que o país do ex-coronel da KGB hackeou o Partido Democrata e a campanha eleitoral de Hillary Clinton, mas Trump disse que são águas passadas. Putin não fará mais nada disso, nada de kompromat, pois está chegando um presidente durão na Casa Branca.
A coletiva em si era para ser realizada em dezembro, concentrada na resolução sobre os conflitos de interesses entre o presidente-eleito e Mr.Trump, o homem de negócios. E não estamos chocados, chocados com a decisão. Trump vai se distanciar dos negócios, sem abrir mão da propriedade. Irá simplesmente transferir a gestão para os filhos Donald Jr. e Eric.
Tudo resolvido e nada mais a declarar. Aliás, falando nisso, Trump novamente se recusou a revelar sua declaração de imposto de renda. Mentiu novamente que está sob auditoria e mentiu novamente que o povo americano não está interessado no assunto.
Quero retornar ao começo do assunto. Lembram-se do tal dossiê que deixou Trump indignado? Ele contém coisas picantes, como estrepolias sexuais em um hotel de Moscou e aqui o presidente-eleito se saiu bem e com humor, lembrando ser conhecido por sua fobias a germes. Mas o tal do dossiê contém também as alegações de conluio entre o governo russo e a campanha eleitoral de Trump. Perguntado na coletiva se houve contatos, o presidente eleito simplesmente ignorou a questão. Chocados? Chocados?
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