Trump representa uma crise existencial para o Partido Republicano

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 05/03/2016 15h51
EFE/MIKE NELSON Donald Trump

Não preciso dar aula aos brasileiros de desilusão com classe política e partidos. Não preciso falar obviedades sobre corrupção de políticos, sobre cinismo de políticos. Mas é sempre bom lembrar que integridade política ainda é uma commodity que deve ser preservada. Não vou falar do Brasil, vou falar dos Estados Unidos, um país atormentado pelo espetáculo Trump, o bilionário venal, demagógico e sinistro que caminha para ser o candidato do Partido Republicano, que já foi de Abraham Lincoln, a presidente da nação.

O triunfo de Trump nas primárias republicanas representa uma crise existencial para o partido. Como endossar um sujeito que vai contra os princípios ideológicos do partido, como repudiar o livre comércio, ou que simplesmente colide com princípios da decência humana ou os meros bons modos?

Trump é um candidato a presidente que assume a xenofobia, dispara sem cessar insultos infanto-juvenis, é um bully narcisista, propõe um teste religioso para imigrantes e quer deportar 11 millhões de imigrantes ilegais. Ah, sim, ele acha normal a tortura de presos. Trump é anormal, é inconstitucional.

A lista é imensa. Como nosso Lula, Trump demoniza a imprensa livre. Ele também considera trivial fazer citações de Mussolini, está sempre pronto para insultar de forma passional mexicanos, mas não assume a mesma paixão para denunciar grupos racistas e antissemitas como a Ku Klux Klan. Repudiou o grupo apenas quando pressionado e de forma lacônica.

Digamos que Trump seja eleito, como ele vai implantar suas propostas alopradas? Como o México vai pagar pelo tal muro que ele quer construir na fronteira? Qual é autoridade legal que ele tem para impor pesadas tarifas comerciais contra a China? Seu programa econômico não existe.

Muitos líderes conservadores estão em cima do muro, sim, políticos são oportunistas. Outros já vieram a público para construir o muro da decência e rotulam Trump com os termos corretos. Ele é um embuste, uma fraude, um perigo para a segurança e a integridade do país mais poderoso do mundo.

Concordo que é um dilema sabotar em uma convenção partidária, o nome mais popular no processo das primárias. A opção de alguns republicanos talvez seja apoiar um candidato independente, ficar em casa ou votar em Hillary Clinton. São opções que eu considero mais razoáveis do que votar em Donald Trump. No final das contas, Donald Trump é mais do que uma escolha eleitoral, é um teste de caráter.

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