Trump tem razão quando diz que vitória de Hillary ameaça 3ª Guerra Mundial?

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 27/10/2016 09h33
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CDA080. LAS VEGAS (EE.UU.), 19/10/2016.- La candidata Demócrata Hillary Clinton (d) sale luego del debate con el Republicano Donald Trump (i) hoy, miércoles 19 de octubre de 2016, en la Universidad de Nevada en Las Vegas (EE.UU.). EFE/GARY HE EFE/GARY HE Hillary Clinton e Donald Trump durante segundo debate eleitoral nos EUA - EFE

Donald Trump dispara tuítes, insultos e sandices, mas eu vou fazer uma pausa e refletir sobre o que o candidato republicano disse em uma entrevista esta semana à agência Reuters. Trump advertiu que a vitória de Hillary Clinton em 8 de novembro pode resultar na Terceira Guerra Mundial.

O motivo? O desafio a Vladimir Putin na guerra civil síria com a implantação de uma zona de exclusão aérea e áreas seguras no solo. Tradução: uma ação mais vigorosa dos EUA para impedir que aviões russos, a serviço da ditadura de Bashar Assad bombardeiem áreas sob controle rebelde, em operacões em que não há distinção entre alvos militares e população civil.

O alvo preferencial russo é Aleppo. Em reportagem de capa na quarta-feira, o Walll Street Journal lembrou a observação do secretário de Estado americano John Kerry de que Putin se comporta em Aleppo, como os romanos em Cartago, arrasada em 146 A.C.

A posição de Trump é clara: apaziguamento em relação a Putin e a Assad. Por ele, os dois podem fazer o que bem entenderem na Síria. Mas, de fato, embora de forma não tão crua, o governo de Obama também tem uma política de apaziguamento e nunca se desdobrou para apoiar rebeldes na Síria, abrindo espaço para a atuação agrerssiva de Putin e a sobrevida de Assad.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Joseph Dunford, disse em audiência no Congresso em setembro que a implantação de uma zona de exclusão aérea é inviável, pois exigiria “que os EUA fossem à guerra contra a Siria e a Rússia para controlar o espaço aéreo do país”.

E esta semana, o jornal The Guardian, partidário de Hillary, publicou reportagem alarmista, na qual militares americanos (da ativa e da reserva) alertam que a proposta da candidata democrata “pode levar a um confronto militar com a Rússia, que poderia escalar a níveis que eram previamente impensáveis no mundo pós-Guerra Fria”.

Sem dúvida, há riscos, embora seja alarmista falar em Terceira Guerra Mundial. Também é exagero o bordão da campanha de Hillary chamando Trump de “marionete” de Putin. Concordo que o candidato republicano acaba fazendo o jogo de Moscou com sua política externa que mistura isolacionismo, incoerência e mera ignorância. Pela gororoba que seria um governo Trump, já seria lucro para Putin.

O sensato é esperar que Hillary Clinton assuma o cargo de presidente em 20 de janeiro próximo, mas devemos levar em conta os riscos e os dilemas de um política mais agressiva de um novo governo americano em relação ao de Obama. A Síria é um teste inglório sobre dilemas estratégicos e morais para o Ocidente.

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