Ttenho muitas perguntas a fazer ao senhor Aldemir Bendine, presidente do BB

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2014 19h08

Nêumanne, na condição de correntista e acionista do Banco do Brasil, o que você tem a dizer sobre a multa de cento e vinte e dois mil reais que o presidente do banco, Aldemir Bendine, pagou ao fisco da Receita Federal para se livrar de ter que dar explicações sobre dinheiro vivo na compra de um apartamento?

Olha, na condição de acionista – porque todo brasileiro é – e de correntista do Banco do Brasil, eu tenho muitas perguntas a fazer ao senhor Aldemir Bendine, que é o presidente da instituição.

O jornal Folha de S. Paulo deu em manchete, nesta quinta-feira, que ele preferiu pagar uma multa de R$122 mil em 2012 para não ter que responder um questionamento do fisco sobre a evolução de patrimônio dele e a compra de um apartamento com dinheiro vivo.

Ele foi autuado porque não conseguiu comprovar a existência de 280 mil informados na declaração do imposto de renda, que não era justificado pelos rendimentos dele, de acordo com a Receita.

Olha, é um situação bastante complicada, porque acontece o seguinte… dinheiro vivo… presidente de um banco. Quer dizer, ele não confia no banco dele como depositário, no banco que ele preside, como depositário do seu dinheiro. Ele prefere ter dinheiro debaixo do colchão a investir nesse patrimônio. Veio dizer que houve um erro de declaração. Erro de declaração? O que é que tem a ver com a compra de um apartamento com dinheiro vivo?

Olha, o Banco do Brasil é uma instituição muito respeitada, tem mais de 200 anos, é respeitada no mundo inteiro, mas tem sofrido baques de credibilidade terríveis. O maior deles foi do ex-diretor de marketing, Henrique Pizzolato, que está preso na Itália por ter desviado dinheiro do cartão Visanet para o esquema de compra de bancadas de apoio ao governo, ao primeiro governo Lula.

Eu mesmo cheguei a fazer um comentário lembrando que esse cidadão, ao fugir, praticamente reconhece todos os crimes arrolados no relatório brilhante e implacável de Joaquim Barbosa no Supremo.

O caso de Aldemir Bendine não chega a ser tão grave, mas também é grave, porque, afinal de contas, ninguém paga um multa de 122 mil se tem uma explicação a dar, de graça, não é verdade? Ele precisava ser mais transparente e é impressionante que essas coisas aconteçam e ninguém cobre nada. Cadê o ministro da Fazenda? Cadê a presidente da República?

A presidente da República vive aí se esgoelando para defender a Petrobras, que tal se defendesse também o Banco do Brasil? Que tal se exigisse do ex-presidente que ele explicasse, de forma explícita e clara, isso que acontece. Esse tipo de comportamento não tem nada a ver com o Estado Democrático de Direito.

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