Um ditador morreu e seu irmãozinho não terá vida longa

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 28/11/2016 07h35
EFE Fidel Castro

Os obituários estavam de fato morrendo de velhice e enfim saíram à tona. Como refletiu Donald Trump, Fidel está morto. Na edição dominical, o obituário do New York Times era loooongo, tinha quatro páginas. Já o material sobre Cuba pós-Fidel (que deixara o poder formal há dez anos), o material é mais breve.

Não há dúvida que temos um rompimento psicológico com a morte de Fidel, mas seu fantasma fora insuficiente para assustar a realidade de algumas mudanças. Em termos internos, há o projeto chinês de Raúl Castro.

Em Miami, temos a little Havana. Em Cuba, a ideia é de uma little China, ou seja a consolidação de um “socialismo de mercado” à la China, ou seja, dar espaço para reformas econômicas, iniciativa privada, e empreendendorismo, mas tudo sob o comando ditatorial do partido único.

Em termos externos, temos agora o fator Trump. Os sinais do presidente eleito como de hábito são conflitantes e incertos, mas as indicações mais fortes são de alguma reversão do processo de normalização com Cuba deflagrado na era Obama. Alas conservadoras estão divididas sobre esta reversão e esta divisão existe inclusive na comunidade cubana da Flórida.

Ainda é cedo para saber o impacto imediato do fator Trump na presidência. Já em Cuba, o regime agora presidido totalmente por Raúl não vai facilitar e ao menor sinal de inquietação popular vai jogar pesado. Provavelmente, nada vai acontecer a curto prazo, além desta intoxicação com obituários e imagens da era Fidel.

O plano é Raúl, com 85 anos, deixar o poder formal em 2018. Na sala de espera estão burocratas do partido, seus filhos (afinal o regime é castrista) e militares. O burocrata mais forte é Miguel Diaz-Canel, um garotão de 56 anos no parque jurássico cubano. Ele é o primeiro-vice-presidente, advogado de pálidas reformas políticas e promotor de oportunidades econômicas. Será ele o sucessor? Não sabemos.

Muito irá depender da dinâmica entre transição interna e o desempenho do governo Trump. Se a história for guia, se os americanos endurecerem, o mesmo acontece na ilhota. Só sei que é duro saber o que vai acontecer. De concreto, um ditador morreu e seu irmãozinho não terá vida longa.

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