Um novembro repleto de surpresas

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 14/11/2016 06h08
Campanha contra a saída do País do bloco EFE/EPA/JOREG CARSTENSEN Jovem casal com os rostos pintados pelas bandeiras da Grã-Bretanha e da União Europeia se beijam em Berlim

Que 2016 de surpresas, que novembro de surpresas. Tivemos o referendo a favor do Brexit, a saída da Grã-Bretanha da União Europeia; o “no” no referendo sobre o acordo de paz entre governo colombiano e as FARC e obviamente a vitória de Donald Trump.

Nem metade de novembro e são estes eventos vertiginosos. Por decisão judicial, Brexit precisará seguir um caminho de aprovação parlamentar, o que torna ainda mais convoluto os termos de negociação dentro da Grã-Bretanha e com a União Europeia.

A eleição de Trump foi na terça-feira passada e por ora temos sinais esquizofrênicos sobre a postura de um rei do reality-show dentro da realidade presidencial. São sinais conciliatórios de quem agora é o sistema e outros de comportamento como se ainda estivesse em uma campanha de insurreição contra o sistema.

E no fim de semana, o anúncio de que foi firmado um novo acordo de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e os narcoguerrilheiros das FARC. Qual é a diferença deste e o que foi rechaçado por estreita margem em outubro, revertendo as expectativas de aprovação folgada?

O texto modificado incorpora algumas mudanças exigidas pelos partidários do “não” no referendo colombiano. No entanto, fica preservado o espinhoso componente que é a participação política para os líderes da narcoguerrilha, em uma transição suave do submundo político e do crime comum para a legitimidade, inclusive com assentos garantidos no Senado e na Câmara dos Deputados.

O novo acordo é um boa jogada política do presidente Santos (um persistente negociador que já faturou o Nobel Paz) e dos narcoguerrilheiros, pois coloca os agressivos partidários do “não” a um acordo, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe em uma situação defensiva: acomodar-se ou endurecer ainda mais em um país ambíguo sobre o acordo de paz.

E finalmente, um rápido comentário sobre outra surpresa que não listei no início do comentário: a Venezuela. Dias atrás, tudo parecia explodir em um país já aos frangalhos e a mediação do Vaticano não parecia promissora. No entanto, chavismo e oposição seguem negociando. Foram quatro horas de diálogo no sábado.

A oposição abriu mão de um ultimato e da mobilização da massa na rua, em decisões que tinha sido adotadas depois que o governo suspendeu o referendo revogatório contra Nicolás Maduro. O despresidente ganha tempo. Eu confesso não saber o que a oposição ganha.

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