Uma dinastia imperial e trabalhadora em Washington
Primeiro de Maio, Dia do Trabalho. Para quem não sabe, não é feriado, não é celebrado nos Estados Unidos, mas para marcar a data vou homenagear uma família de trabalhadores americanos, a primeira família, a família que tanto trabalha para ganhar mais dinheiro e agora mais poder.
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Sem surpresa: estou falando da família Trump. É verdade que os Estados Unidos são um país orgulhoso por ter nascido de uma revolução contra a aristocracia. No entanto, na expressão do jornal espanhol El País é reino de grandes clãs políticos, como em qualquer parte do mundo. Logo após o nascimento da república, tivemos os Adams, pai e filho, presidentes. Outros clãs mais conhecidos são Roosevelt, Kennedy, Bush e Clinton.
Na ausência de monarcas, existe o culto do presidente, com a posse e o exercício do cargo marcados por uma pompa que lembra a realeza. As imagens monárquicas mais marcantes ainda são relacionadas aos tempos gloriosos e trágicos de John Kennedy. Mas, ao longo da história, existem as revoltas contra estas elites. Nada mais irônico que a insurreição em 2016 tenha sido liderada pelo bilionário que se se autocoroou populista chamado Donald Trump
Ele é o governante mais rico que já chegou à Casa Branca pelo voto do povo e em nome do povo. E bastou a primeira centena de dias no poder para deixar claro que já existe uma dinastia imperial em Washington. Houve o mito kennedyano no começo dos anos 60, o reino de Camelot. Agora é este reino de paródia de dom Trump, com a mansão na Flórida, uma rainha ausente, Melania, e uma princesa muito presente, Ivanka Trump, ao lado do marido, o todo poderoso genro do presidente, Jared Kushner.
Uma promessa fui cumprida por Trump: ele governa o país como se ele fosse uma grande empresa familiar, semelhante à organização que leva o seu nome em letras douradas. Seu principal assessor é o genro de 36 anos, sem nenhuma experiência política ou de gestão publica, mas que agarrou uma pilha infindável de funções e responsabilidades. E a filhota vistosa, Ivanka, está em todas. E quem quer cair nas boas graças e fazer acordos com a Casa Branca, tomou nota que o passaporte de entrada exige a filha e a genro do presidente.
A promiscuidade entre o público e o privado está flagrante nestes cem dias de gestão Trump. O presidente jantou com o presidente chinês Xi Jinping na mansão da Flórida, uma espécie de Casa Branca de verão, na companhia de filha e de genro. No mesmo dia, a China aprovada licenças para a grife de joias de Ivanka. São cada vez mais joias na coroa deste imperador bilionário e populista, que se diz um trabalhador incansável.
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