Vamos ao que interessa: quem ganhou o debate, a dama ou a fera?

  • Por Caio Blinder
  • 27/09/2016 09h25
EFE Debate Trump x Hillary

Vamos ao que interessa: quem ganhou o debate Hillary/Trump? Nos primeiros 20 minutos, o candidato republicano foi um bully eficiente e ocupou o espaço, mas a democrata manteve a compostura e foi se impondo até o final. Hillary ganhou por pontos.

Donald Trump, no primeiro dos três debates, usou um excelente argumento, o melhor de sua campanha: sim, Hillary tem experiência, mas é uma má experiência como primeira-dama, senadora e secretária de Estado, além, é claro, de candidata derrotada por Barack Obama nas primárias democratas de 2008. Ele, assim, se apresenta como o agente da mudança. A questão nem é tanto se o país precisa de mudança, claro que precisa, mas se Donald Trump é o agente de mudança, não só para os EUA, mas para o mundo.
Ao longo do debate com compostura e muitas respostas ensaiadas, Hillary Clinton enraizou a dúvida. Tivemos as iscas que ela jogou para o tubarão Trump e muitas ele mordeu, mostrando sua impertinência e falta de sangue frio para assumir um emprego que, entre outras coisas, estipula poder decisório sobre códigos nucleares.
Falar do pavio curto de Trump não é nenhuma novidade, mas eu creio que o ponto essencial para Hillary foi o esforço marqueteiro para retomar para o Partido Democrata setores da classe trabalhadora branca que abandonaram o partido nos últimos tempos e estão cativados pela mensagem populista de um bilionário que vai trazer empregos de volta, negociar melhores acordos comerciais, impor lei e ordem e arrebentar antes de perguntar.
Precisaremos de uns dias para sentir melhor o impacto do debate nas pesquisas. Agora teremos a fase do pós-debate, com cada campanha tentando vender a sua vitória ou a derrota do outro lado. As expectativas eram baixas sobre Trump e ele não decepcionou. 
Trump, de fato, correspondeu às expectativas com seu estilo truculento, que pode ser confundida por muitos como espírito resoluto. Trump não chegou a se mostrar totalmente não presidenciável. Afinal, até reconheceu que vai respeitar a vitória de Hillary e apoiá-la, se eleita. 
Sobre Hillary, as expectativas eram muito altas e ela chegou perto. Não vamos esquecer que foi a primeira candidata que encarou sozinha a fera que derrotou 16 republicanos nas primárias. E deu conta do recado, embora não tenha nocauteado a fera. Provou que tem vigor, desmontando a narrativa de Trump de que ela não tem a boa experiência e a resistência mesmo física para ser presidente. Ela tem sim! Não é fácil ficar ali no palco por pelo meros 90 minutos com a fera.

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