Vamos torcer pela “boulosização” do PT. Assim, o partido acaba mais depressa

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/09/2016 09h13
05/09/2016- Manifestantes protestam contra Michel Temer na avenida Paulista, São Paulo. Foto:roberto Parizotti- CUT Fotos Públicas Protesto na Avenida Paulista contra Governo Temer - Fotos Públicas

Qual vai ser a reação do PT ao mais duro golpe sofrido até agora?

Que os métodos e as heterodoxias de Deltan Dallagnol colaboram com a defesa de Lula no médio e no longo prazos, eis algo evidente. Mas não é menos claro que, no curto prazo, o partido fica ainda mais acuado. O que fazer? Apelando a uma ironia, o pior erro seria tentar acordar a múmia de Lênin…

Vamos lá. Quando Sérgio Moro cometeu aquele exagero óbvio e determinou a condução coercitiva do chefão petista, este fez um discurso contundente e chamou a sua militância à rua. Os companheiros resolveram se encher de brios. Parecia que o mostro vermelho poderia acordar ali de seu sono. A esperança durou pouco.  O dia 13 de março assistiu à maior manifestação da história do país: em favor do impeachment. Três dias depois, Moro resolveu divulgar o conteúdo de grampos que mostravam o claro esforço de Lula de melar a investigação. O que restava de reputação ao governo Dilma foi tragado. A partir daquele momento, a legenda não se encontrou mais e foi cometendo erros em série. Uma das decisões estúpidas foi apressar a nomeação de Lula para chefe da Casa Civil. Deu no que deu.

Pouco coisa restou ao PT senão esperar a deposição de Dilma. Já ali, os petistas que ainda conservavam uma capacidade mínima de ler a realidade não acreditavam mais na sobrevivência da então presidente. Sem poder de reação, a legenda se entregou às vontades dos ditos “movimentos sociais”.

É evidente que uma certa excitação estava em curso, embalada, em boa parte, pela, digamos assim, “militância qualificada” na imprensa e no meio artístico. Lula e o PT resolveram se pintar para a guerra e combater a suposta “agenda conservadora” do governo Temer. A legenda teve de cair nos braços de tipos como Guilherme Boulos. Os black blocs fizeram o trabalho de difamação da Polícia Militar, especialmente em São Paulo, e a coisa ameaçava ganhar corpo.

Pois é… Haja ânimo para um próximo protesto. Em nome de quê? Quem será conduzido em triunfo? O chefe da organização criminosa?

A pior saída para o PT, obviamente, será inflamar o discurso. Em situações assim, quanto menor é o protesto, mais radical se mostra. Os estúpidos costumam ser particularmente convincentes nesses casos, e os extremistas parecem ter razão prática. Fica fácil secretar o ódio.

Se o PT tiver um mínimo de juízo e prudência, vai aliviar a tensão da corda, em vez de puxá-la ainda mais. A única chance de sobrevivência do PT está na absolvição de Lula, caminho que a porra-louquice de Dallagnol, sem dúvida, abriu. Se, no entanto, se entregar à condução de mestres como Guilherme Boulos, aí o fim da legenda se antecipa.

Pensando bem, que tal a gente torcer por Boulos, se é que me entendem…

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