Às vésperas da “Super Terça”, frenesi entre os democratas é bem menos intenso

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 29/02/2016 11h18
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Montagens sobre fotos/ EFE Hillary Clinton e Donald Trump

Frenesi, troca de insultos, mar de lama, reality show de quinta categoria. Estas são algumas boas definições para o que está acontecendo na paisagem eleitoral americana. Amanhã, é terça-feira, a Super Tuesday, a Super Terça-feira, com primárias a serem realizadas em uma dúzia de estados pelos democratas e pelos republicanos.

Obviamente, o frenesi entre os democratas é bem menos intenso, menos bizarro, menos desesperado. Hillary Clinton praticamente já ganhou a parada. No sábado, foi sua vitória estrondosa sobre Bernie Sanders nas primárias democratas no estado da Carolina do Sul. A vitória era esperada, mas mesmo assim os números foram reconfortantes, quase 50 pontos de diferença. Nas últimas semanas, emergiram algumas dúvidas sobre o franco favoritismo da ex-primeira-dama, mas elas estão dissipadas.

Os números na terça-feira talvez não sejam tão estonteantes, mas a vitória de Hillary está praticamente assegurada, embora Bernie Sanders talvez teime em continuar na corrida para propagandear sua agenda mais esquerdista. No entanto, ele não é páreo para a máquina de organização de Hillary e sem capacidade de mobilização além de setores jovens e mais esquerdistas da base democrata.

Mobilização em alta intensidade vemos nas bandas republicanas. E existe este esforço desesperado das elites republicanas para deter Donald Trump, o bilionário bufão que lidera uma insurreição populista que não se insere facilmente em rótulos ideológicos, embora para mim tenha componentes fascistóides.

Apesar do ultraje Trump e dos insultos que ele dispara contra tudo e todos, ele segue na frente na corrida. No domingo cedo, eu não acreditei, mais uma vez, quando Trump se esquivou de repudiar David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, racista e antissemita, que endossou sua candidatura.

Desde o debate republicano da última quinta-feira, dois candidatos atrás de Trump, os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, jogam no mesmo estilo do bufão, disparando insultos pessoais, atirando a torto e a direito para ver se a base de sustentação de Trump vai rachar. No domingo, Cruz insinuou que Trump tem conexões com a Máfia.

Eu ainda acredito que Rubio tenha alguma chance de superar Trump nas primárias de março ou pelo menos sobreviver até uma turbulenta convenção republicana em julho. Mas não sei se o Partido Republicano chega inteiro para a eleição de novembro. Será um consolo para Hillary, pela qual a base democrata não morre de amores.

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