Violência contra senadores na Venezuela mostra fragilidade dos Governos de Maduro e Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 20/06/2015 13h20
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Presidente Dilma Rousseff em Bruxelas. 11/06/2015 REUTERS/Francois Lenoir REUTERS/Francois Lenoir Presidente Dilma Rousseff em Bruxelas

Pergunta: Você diria que a grande repercussão que teve a “não visita” dos senadores oposicionistas aos opositores venezuelanos foi justa ou injusta? Foi apenas uma jogada política, como insinuou a presidente Dilma? Ou teve repercussão maior pela importância dessa visita?

Resposta: Ao voltar ao Brasil depois da frustrada visita aos opositores venezuelanos em Caracas, o presidente do PSDB, candidato derrotado na última eleição por Dilma Rousseff, chegou à conclusão que não há mais nenhuma dúvida em torno da natureza ditatorial do regime chavista bolivariano da Venezuela, sob a presidência de Nicolas Maduro.

Eu diria que é mais: demonstrou a grande fraqueza desse regime e, sobretudo, a parca inteligência do seu titular. Por que, se os oposicionistas brasileiros tivessem conseguido seu objetivo de ir a cadeia e a casa de outro deles visitar os oposicionistas mantidos sob perda de liberdade pela ditadura venezuelana, isso mereceria uma nota de pé de página no noticiário, até por que, há quinze dias esteve em Caracas o ex-presidente do Governo Espanhol, Felipe Gonzáles.

É um nome mítico do socialismo internacional. Ele militou no partido socialista operário espanhol durante a ditadura franquista na clandestinidade, e foi o presidente espanhol que ocupou por mais tempo esse cargo de maior relevância no momento da construção da democracia na Espanha.

Felipe é respeitadíssimo no mundo inteiro e principalmente nos países hispano americanos, por que existem, nos países que foram colonizados pela Espanha, uma relação muito próxima com o país que era a metrópole, a Espanha.

Pois bem, Felipe foi considerado persona non grata pelo parlamento espanhol; a presidente da corte de justiça não permitiu que ele atuasse como assessor na defesa dos opositores, mas ele não foi agredido da forma como os brasileiros foram.

Se os brasileiros foram agredidos é por que eles representam oposição ao governo Dilma, que é muito simpatica ao Maduro, a ponto de ter assumido o cargo que ninguém delegou à ela de líder de todos os países latinos, ao defendê-lo em recente viagem que fez a Bruxelas.

Isso tudo mostra, de um lado, a fragilidade do regime de Maduro, que está, realmente, enfrentando grande oposição internacional, e que agora receberá nova comitiva, desta vez da comunidade econômica europeia e também uma prometida visita de elementos da esquerda, que apoiam o governo Dilma e, em consequência, o regime bolivariano.

Nós precisamos ver qual vai ser a reação do Maduro às duas visitas, por que, se houver uma reação mais coerente com a democracia, ou seja, se as pessoas forem bem tratadas, vai ficar claro que os brasileiros foram mal tratados em sua primeira visita, pelo fato de serem oposição.

Isso chama atenção, também, pra fragilidade da Dilma. Ela tem 13% de aprovação e está no pior momento de toda a história dela na presidência e ainda não aprendeu a lição, que só conseguirá sair disso quando entender que é presidente de todos os brasileiros, e não apenas dos que votaram nela.

Ficou claro, na forma como ela agiu e nas notícias que plantou sobre sua ira em relação a decisão de Aécio e dos outros senadores, que raciocina como se fosse presidente apenas de quem votou nela. Se ela não sair dessa, vai ser difícil também sair da crise.

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