A vítima do petrolão não é a Petrobras

Plataforma Petrobras

Pergunta: Afinal de contas, quem é a vítima no chamado “Petrolão”: a Petrobras, que foi vítima das empreiteiras e dos políticos corruptos ou os políticos inocentes que foram vítimas das empreiteiras ladras?

Resposta: Há bastante tempo eu tenho visto alegações cínicas de advogados de defesas e das autoridades do Ministério da Justiça, da Controladoria Geral da União e da Advocacia Geral da União a respeito de quem é vilão e quem é vítima no chamado “Petrolão”.

A Petrobras é vítima, e não a autora, dos delitos de corrupção que estão sendo apurados na Operação Lava Jato pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, sob a organização e o controle do juiz federal no Paraná, Sérgio Moro, ou são os empreiteiros, coitadinhos, que são vítimas dos políticos safados que os fizeram pagar propina para a Petrobras? Bom, a própria Petrobras tem se fingido de vítima de uma forma cínica e absurda. Isso tudo está sendo bem esclarecido pelo maior especialista brasileiro em Direito contra a corrupção: o professor Modesto Carvalhosa.

Em artigo, intitulado “A Petrobras é…vítima”, na página 2 de “O Estado de S.Paulo”, ele mostra o absurdo desse tipo de felonia, digamos assim, cometidos por advogados e por autoridades. Na verdade, esse entendimento, esse cinismo, essa desfaçatez dos advogados de defesa e das autoridades federais, segundo o professor, afunda mais ainda o Brasil no grupo dos países corruptos.

Professor Carvalhosa tem insistido em seus artigos no “Estado” e em suas entrevistas que o Brasil assinou tratados de combate mundial à corrupção, que no plano interno se traduzem na lei anticorrupção de 2013, e que isso simplesmente contraria esse tipo de traição à palavra da lei e aos acordos firmados no exterior.

O que eu lamento é que ele não seja ouvido na CPI da Petrobras, que a oposição não exponha melhor essas teses dele, não cobre isso com clareza, e que a própria Petrobras não o ouça. De certa forma, o professor Modesto Carvalhosa prega no deserto. Felizmente, nós estamos na caravana e conseguimos ouví-lo; ou melhor, lê-lo. Também, né?