A vitória da esquerda na Grécia, o impasse na zona do Euro e o dilema de Merkel
Gregos celebram vitória de Alexis Tsipras
Gregos celebram vitória de Alexis TsiprasE agora, Grécia? Qual será o preço da vitória da extrema esquerda nas eleições de domingo? O partido Syriza venceu com a mensagem contra a austeridade imposta pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo FMI.
O líder da Syriza é Alexis Tsipras, de 40 anos. Ele promete negociar com os credores internacionais a suavização da dívida de 240 bilhões de euros acumulada nos últimos cinco anos. Essa injeção foi concedida em troca da austeridade.
Depois de seis anos de profunda recessão, a Grécia começa a engatinhar no crescimento. No entanto, o valor da previdência social caiu em 40% no período, a taxa de desemprego ainda é de 25% e 1 em 2 jovens não trabalha.
O desafio para Alexis Tsipras será equilibrar as promessas de campanha de menos sacrifícios populares e também as de não fazer nenhum loucura que leve a uma saída grega da zona do euro.
O fato é que o Syriza é o partido mais explicitamente contrário à austeridade que chega ao poder na Europa desde a crise econômica e um dos mais esquerdistas a vencer eleições na democracia europeia pós-guerra.
Tsipras manda um recado contra os partidos convencionais de esquerda e de direita que se revezam no poder. Sua vitória representa o fim de quatro décadas de governo pelos conservadores da Nova Democracia, de Samaras, e os socialistas do Pasok.
Ambos têm se alternado no poder desde a volta da democracia em 1974, após sete anos de ditadura militar. Os partidos tradicionais levaram a Grécia para o buraco e o eleitorado concluiu agora que o buraco é ainda mais fundo com a austeridade encarnada na primeira-ministra alemã Angela Merkel.
Para Merkel, a âncora do projeto europeu, há um ardiloso desafio. Se ela manter a linha dura com o novo governo em Atenas, o desfecho poder á ser a saída da Grécia da zona do euro. Se ela amolecer, poderá reforçar os partidos populistas e extremistas na Europa e na própria Alemanha. Existe, portanto, o desafio duplo de conter o contágio financeiro e o contágio político.
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