A vitória do Brexit é a vitória de Putin

  • Por Caio Blinder
  • 29/06/2016 11h23
SER10 SAN PETESBURGO (RUSIA) 17/06/2016.- El presidente ruso, Vladímir Putin, durante una rueda de prensa junto al primer ministro italiano, Matteo Renzi (fuera de imagen), tras su reunión en el marco del Foro Económico Internacional de San Petersburgo (SPIEF), en Rusia hoy, 17 de junio de 2016. EFE/Sergey Chirikov EFE/Sergey Chirikov Vladimir Putin - EFE

 Obviamente, o chamado “Brexit” não foi sobre Vladimir Putin. No entanto, pouca gente no exterior está celebrando com tanta intensidade a decisão do eleitor britânico em optar pela saída do país da União Europeia como o presidente russo (claro que Trump também comemora intensamente). 

Como disse o ex-ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, “quando Putin celebra, existe  um problema no sistema internacional”. Problema para o mundo ocidental. 

Existe uma afinidade entre líderes de extrema direita na Europa e Putin. Todos eles combatem Bruxelas. Estes estadistas extremistas não escondem o fascínio pelo presidente russo, o homem forte que, hoje, se coloca como um paladino para combater a decadência e os bons costumes. 

Sem falar, é claro, de Donald Trump, que se deslumbra com o modelo de liderança truculenta de Putin. O bilionário não dá muito bola para a Otan e a União Europeia.

O Kremlin faz o que pode para criar fissuras dentro da Otan, a aliança militar ocidental, e na União Europeia. O Brexit divide o mundo ocidental e deixa a Europa mais distraída com suas aflições ao invés de se concentrar nas travessuras de Moscou para ganhar mais espaço na Europa Oriental.

O Reino Unido é ator vigoroso para se contrapor ao revanchismo russo. Agora, no entanto, sua atuação e influência no exterior devem refluir, apesar da insistência dos dois lados do Atlântico, sobre uma aliança firme e forte.

O desligamento de Londres do bloco europeu é um somatório de estupidez. Vamos adicionar a essa lista mais uma consequência da saída britânica da União Europeia: a traição aos ucranianos que se mobilizaram, em 2013/2014, por sua dignidade e pela aspiração de se juntarem a Bruxelas, um projeto da paz, da coexistência e da prosperidade de uma Europa cansada de guerras e de tribalismos.

O sonho de Kiev era um pesadelo para Vladimir Putin e, dessa forma, ele entrou na Ucrânia, ele invadiu a Ucrânia para esmagar a dignidade de um país. O sonho de Putin é uma União Europeia enfraquecida e, por isso, o Brexit é uma vitória para o “czar” russo, bem como foi um triunfo impedir a concretização do sonho da Ucrânia.

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