A vitória do Brexit é a vitória de Putin
Obviamente, o chamado “Brexit” não foi sobre Vladimir Putin. No entanto, pouca gente no exterior está celebrando com tanta intensidade a decisão do eleitor britânico em optar pela saída do país da União Europeia como o presidente russo (claro que Trump também comemora intensamente).
Como disse o ex-ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, “quando Putin celebra, existe um problema no sistema internacional”. Problema para o mundo ocidental.
Existe uma afinidade entre líderes de extrema direita na Europa e Putin. Todos eles combatem Bruxelas. Estes estadistas extremistas não escondem o fascínio pelo presidente russo, o homem forte que, hoje, se coloca como um paladino para combater a decadência e os bons costumes.
Sem falar, é claro, de Donald Trump, que se deslumbra com o modelo de liderança truculenta de Putin. O bilionário não dá muito bola para a Otan e a União Europeia.
O Kremlin faz o que pode para criar fissuras dentro da Otan, a aliança militar ocidental, e na União Europeia. O Brexit divide o mundo ocidental e deixa a Europa mais distraída com suas aflições ao invés de se concentrar nas travessuras de Moscou para ganhar mais espaço na Europa Oriental.
O Reino Unido é ator vigoroso para se contrapor ao revanchismo russo. Agora, no entanto, sua atuação e influência no exterior devem refluir, apesar da insistência dos dois lados do Atlântico, sobre uma aliança firme e forte.
O desligamento de Londres do bloco europeu é um somatório de estupidez. Vamos adicionar a essa lista mais uma consequência da saída britânica da União Europeia: a traição aos ucranianos que se mobilizaram, em 2013/2014, por sua dignidade e pela aspiração de se juntarem a Bruxelas, um projeto da paz, da coexistência e da prosperidade de uma Europa cansada de guerras e de tribalismos.
O sonho de Kiev era um pesadelo para Vladimir Putin e, dessa forma, ele entrou na Ucrânia, ele invadiu a Ucrânia para esmagar a dignidade de um país. O sonho de Putin é uma União Europeia enfraquecida e, por isso, o Brexit é uma vitória para o “czar” russo, bem como foi um triunfo impedir a concretização do sonho da Ucrânia.
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