Vladimir Putin e a tática do “kompromat”

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 13/01/2017 08h08
PUT02 YALTA (RUSIA) 26/10/2016.- El presidente de Rusia, Vladimir Putin, asiste a una sesión del Frente Popular Ruso durante el "Foro de Acción.Crimea" en Yalta, en la península de Crimea, hoy, 26 de octubre de 2016. La agenda incluye asuntos de energía y reservas de petróleo en Crimea, además de asuntos de agricultura y economía. EFE/Alexei Druzhinin / Sputnik / Kre CRÉDITO OBLIGATORIO EFE/Alexei Druzhinin presidente da Rússia

Eu não posso me comprometer sobre o russo. Meu domínio da língua é nulo, embora todos meus avós tenham vindo daquelas bandas. Teve um tempo em que escrevi muitos textos com expressões como glasnost e perestroika (abertura e reconstrução) no final da Guerra Fria e quando havia alguma esperança de dias melhores com Mikhail Gorbachev.

O presidente russo Vladimir Putin nunca se resignou com o final da União Soviética. Para ele, foi a maior catástrofe geopolítica do século 20. O ex-coronel da KGB e comparsa de Donald Trump nunca gostou de palavras como glasnost e perestroika. Ele prefere kompromat, a palavra da semana, que é basicamente fazer chantagem com dados comprometedores, com o uso de imagens reais ou fabricadas.

Kompromat fazia parte do manual soviético, geralmente para batalhas internas, mas também usada para chantagear diplomatas estrangeiros no país. O negócio era atrair um diplomata para um affaire e a partir daí obter sua cooperação  com o regime.

Agora, são as alegações do dossiê com material comprometedor sobre Trump no hotel Ritz-Carlton, em Moscou, que no passado era o Intourist, usado por Stálin para  kompromat.

Putin aprendeu muito sobre kompromat e lhe deve muito por ter chegado aonde chegou. Em março de 1999, um vídeo chocante apareceu num programa jornalístico na TV russa. Mostrava um homem de meia idade nu na cama com duas jovens mulheres.

Em uma coletiva à imprensa, o então chefe da inteligência russa, Putin, confirmou que o homem no vídeo era o procurador-geral Yury Skuratov, que investigava corrupção no Kremlin do então presidente Bóris Yeltsin. Skuratov perdeu o emprego e meses depois Putin foi promovido a primeiro-ministro. Não demorou muito e ele se tornou presidente.

Putin obviamente nega kompromat de Trump. No seu novo jargão favorito, o presidente-eleito diz que o dossiê não passa de fake news, notícia falsa. O fato é que krompomat continua a prosperar na era pós-sovietica com uma forcinha da tecnologia cibernética. É parte do arsenal russo de espionagem que inclui desinformação, hacking (como o do Partido Democrata para prejudicar Hillary Clinton na eleição americana) e fake news.

Donald Trump está meramente comprometido por ser tão camarada com Vladimir Putin mesmo depois de tantas evidências sobre a  interferência do ex-coronel da KGB na vida americana.

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