Xi Jinping, assim como Trump, é um ultranacionalista
Mr. Donald Trump vai a Washington. Ele não vai a Davos para o Fórum Econômico Mundial, que começa nesta terça-feira. No lugar do presidente eleito dos EUA e bilionário populista por excelência, vai Xi Jinping. O ditador comunista chinês ocupa o espaço no conclave anual da elite mundial, como novo porta-bandeira das benesses da globalização. Trata-se da primeira aparição de um presidente chinês na reunião.
No desfile geopolítico, existe um novo enredo, uma inversão de papéis. E no samba da política doida, nada mais apropriado do que este estrelato de Xi Jinping diante das dúvidas sobre a globalização na esteira do voto Brexit e da eleição de Trump.
O plutocrata eleito para comandar os EUA não mandou nenhum representante para a confraria de plutocratas e seu séquito de tecnocratas e intelectuais nos Alpes suíços. E o recado foi claro: será prova de deslealdade ao paladino de uma nova ordem mundial participar das confabulações da “elite decadente”.
Não existe vácuo político e diante da campanha de Trump contra a globalização e acordos multilaterais em geral, sejam em comércio, sejam geopolíticos, Xi Jinping é o pirata em ação. O ditador chinês é uma presença desconfortável no ambiente cosmopolita dos Alpes suíços. Não tanto por ser o líder formal do Partido Comunista. Afinal, podemos definir os herdeiros de Mao como adeptos do leninismo de mercado.
Na verdade, Xi Jinping, como Trump, é um ultranacionalista. Para ele, existem basicamente os interesses nacionais e não a busca de um opaco bem da humanidade, conforme pregam os plutocratas de Davos.
Como Donald Trump é incansável para lembrar (e tuitar), nenhum país se beneficiou tanto da globalização como a China, permitindo que o país desse um salto econômico (mas não político), removendo centenas de milhões de pessoas da pobreza.
No entanto, como lembra o Wall Street Journal, o déspota de Pequim é ambivalente sobre a globalização. Ele compartilha o desprezo de Trump e de seus seguidores sobre a pregação de valores liberais e de interesses globais, que são constantes no coro de Davos.
Para Trump e Xi Jinping, soberania nacional antes de tudo e este negócio de exportar democracia não está com nada. Como arremata o Wall Street Journal, a audácia de Xi Jinping em Davos é posar de salvador da globalização enquanto dança no seu túmulo.
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