‘Os cálculos eleitorais têm que ficar de lado’, diz relator sobre votação da Previdência

  • Por Jovem Pan
  • 06/05/2019 17h41 - Atualizado em 06/05/2019 19h15
Cleia Viana/Câmara dos Deputados O deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) é o relator da comissão especial da reforma da Previdência

O deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) defendeu, em entrevista ao programa 3 em 1, da Jovem Pan, que o congresso vote a reforma da Previdência sem pensar nas consequências políticas. “Os cálculos eleitorais têm que ficar de lado”, afirmou o parlamentar, que é o relator da PEC na comissão especial da Câmara.

Moreira ressaltou a importância da reforma para que o Brasil volte a crescer, mas salientou que o projeto é só o início da retomada. “A Previdência não vai resolver o país por si só, mas é um ponto de partida. Sem ela, o Brasil fracassará”, antecipou.

A partir desta quarta-feira (8), a comissão terá 11 audiências públicas para discutir pontos da reforma com a população. “Vamos tentar fazer as audiências públicas mais temáticas”, explicou Moreira. Ele se mostrou otimista com as discussões. “Eu acredito que essa comissão está com uma qualidade muito boa de deputados. Os líderes e os partidos tomaram cuidado de indicar pessoas muito qualificadas. Acho que vamos ter um bom debate”, disse.

O deputado reconheceu que tem as suas próprias convicções em relação ao tema, mas disse que as deixará de lado para fazer o relatório do projeto. “Com a atribuição de relator, cabe ouvir sem nenhuma definição do ponto de vista do relatório”, explicou. “Não vale o relatório ter apenas a minha opinião, preciso ouvir os argumentos. O que deve vencer são os bons argumentos”, afirmou.

Diferenças com o governo

Samuel Moreira não quis comentar a fala do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que afirmou que o sucesso da reforma da Previdência representaria a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, mas disse que não está pensando no projeto do ponto de vista político. “A minha preocupação é construir maioria, construir consenso. Esse é meu papel”, reforçou.

O parlamentar, no entanto, fez questão de ressaltar que ele e o PSDB não estão servindo ao governo Bolsonaro. “Não estamos aqui para servir ao governo, estamos para servir ao Brasil”, disse. “Tenho um compromisso com a questão fiscal por convicção.”

Moreira afirmou que ele e o partido têm algumas pautas em comum com o governo federal, principalmente no ponto de vista econômico, mas fez questão de ressaltar as diferenças de alinhamento. “Somos contra o estímulo à violência, respeitamos as minorias, temos preocupação com a educação”, explicou o deputado. “Não concordamos com ódio e intolerância, pelo contrário, queremos avançar ainda mais. Para nós, um ataque moral vale tanto quanto a violência física.”

Proteção do idoso

Na reforma da Previdência, Samuel Moreira destacou que seu principal objetivo é proteger a população mais vulnerável, mas sem comprometer o orçamento. “Eu entendo que nosso compromisso social tem que ser compatibilizado com o orçamento”, disse. “Direitos sem orçamento é quase que uma demagogia”, alertou o político.

Na concepção do relator, a Previdência deve servir à população da terceira idade. “Não podemos ter um sistema que abrigue pessoas muito novas, é injusto com o idoso”, disse. “Tem que ser um seguro contra a perda de capacidade laboral na velhice”, explicou.

Ele ainda falou em corrigir injustiças. “Ganhar [aposentadoria] igual ao [salário] da ativa é para aqueles que ganham muito pouco”, afirmou. “Nós temos que corrigir esse sistema e estar aberto ao debate do que queremos para o Brasil.”

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