Pedido de reserva de vacina contra Covid-19 foi um ‘vexame’ do STF, opina Oyama

A comentarista do programa ‘3 em 1’ justificou que nenhum país do mundo colocou os magistrados no grupo prioritário de imunização

  • Por Jovem Pan
  • 23/12/2020 18h33 - Atualizado em 23/12/2020 21h58
Leandro Ciuffo Wikimedia Commons Fachada do STF O STF alegou que a reserva das vacinas seria uma forma de ajudar a acelerar o processo de imunização da população

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) rejeitou os pedidos de compras de vacinas contra a Covid-19 feitos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). No ofício do STF, o diretor-geral Edmundo Veras Dos Santos Filho solicitou na terça-feira, 22, que fossem reservadas doses suficientes para imunizar seus sete mil servidores, sob a alegação de que essa seria uma “forma de contribuir com o país nesse momento tão crítico da nossa história”, já que ajudaria a “acelerar o processo de imunização da população”. A Fiocruz, por sua vez, foi clara em sua resposta, afirmando que a distribuição da vacina será feita pelo SUS e de acordo com o Programa Nacional de Imunização (PNI). O caso foi tema de debate entre os comentaristas do programa ‘3 em 1’, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 23.

Thaís Oyama classificou essa tentativa de garantir os imunizantes para os sete mil servidores como um verdadeiro “vexame”. Ela defendeu que o trabalho do Supremo Tribunal Federal não é o único que exige um certo nível de contato social. “Caixas de supermercado também tem contato social extremamente grande e não estão querendo furar fila. Como se os demais trabalhos não tivessem fundamental importância para o país”, pontuou. A comentarista atribuiu ao STF uma “falta de senso de noção”, visto que “não há notícia de outro país no mundo que tenha incluído os magistrados na categoria de público prioritário a ser vacinado”.

Tomé Abduch abriu a sua fala lembrando que, segundo o artigo 5º da Constituição, “todos são iguais perante a lei”. Por isso, ele questionou qual o argumento que o STF e o STJ teriam para tomar a vacina antes dos demais brasileiros e também criticou a justificativa apresentada pelo diretor-geral Edmundo Veras. “Eu fiquei com muita tristeza em ver a forma como os nossos governantes encaram e respeitam a população brasileira”, afirmou o comentarista. Abduch traçou, ainda, um paralelo entre esse tipo de postura das altas instâncias do Governo Federal com o aumento de 46% do salário do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). “Isso é um grande absurdo”, concluiu. Diogo Schelp, por sua vez, elogiou a resposta da Fiocruz e apontou que o pedido feito pelo STF e STJ indica que seus membros estão otimistas em relação à segurança e à eficácia da vacina contra Covid-19 que for aprovada no futuro no Brasil.

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