Rodrigo Maia: ‘Doria pode ser o candidato do DEM em 2022’

  • Por Jovem Pan
  • 09/05/2019 17h51
Governo do Estado de São Paulo Rodrigo Maia afirmou que o governador de São Paulo, João Doria, pode ser o candidato do DEM à presidência em 2022

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, em entrevista ao programa 3 em 1, da Jovem Pan, que o governador de São Paulo, João Doria, pode ser o candidato do DEM nas eleições presidenciais de 2022. “Acho que o Doria pode ser um ótimo candidato a presidente, pode ser o candidato do DEM a presidente”, disse.

Segundo Maia, com o fim das coligações entre partidos a partir de 2020, o DEM quer ser o líder da centro-direita na política nacional. Por isso, Doria pode se candidatar à presidência sob a sigla. “Como acredito que o DEM vai comandar a centro-direita, acredito no Doria comandando nossa candidatura presidencial”, explicou.

O deputado, no entanto, refutou a possibilidade de uma fusão de seu partido com o PSDB, o atual partido do governador paulista. “Não vejo o DEM querendo uma fusão, o DEM vai querer liderar o processo, agregando outros partidos. Não posso tratar o PSDB como um partido menor que o DEM, não sei se vamos conseguir esse encaminhamento em conjunto”, disse. “Acho difícil que se construa numa fusão do DEM essa candidatura.”

Maia reconheceu que seu partido saiu muito fortalecido das eleições do ano passado, enquanto PSDB, PMDB e outros da centro-direita não foram tão bem. Ele explicou que a sigla é quem tem mais chances de liderar a centro-direito porque tem uma agenda clara e diálogo aberto. “Na questão dos valores, a gente está no centro para a direita, mas em governos do DEM no passado, meu pai [Cesar Maia] no Rio e ACM Neto em Salvador, a gente teve uma agenda de costumes mais ao centro”, lembrou.

Para ele, enquanto o DEM vai liderar a centro-direita, o PSL pode ser o grande partido da direita. Apesar de ter críticas à sigla do presidente Jair Bolsonaro, Maia reconheceu que o partido está evoluindo. “Eles têm um espaço só para eles na direita, mas precisa organizar melhor”, disse. “Se eles forem competentes, constroem um partido de direita estruturado nessa agenda conservadora de valores”, projetou.

Eleição de Bolsonaro

Olhando para as eleições de 2018, Rodrigo Maia entendeu que a vitória de Jair Bolsonaro representa o colapso de um ciclo político iniciado com a Constituição de 1988. “O Brasil teve muitos avanços, mas esse ciclo está em fase de colapso, as áreas não conseguem mais responder à sociedade, e a corrupção faz parte desse fim de ciclo”, disse. “O Bolsonaro foi aquele que conseguiu representar algo de mudança desse ciclo que está esgotado.”

Para o presidente da Câmara, o capitão reformado conseguiu se destacar no combate à corrupção e à violência, o que o garantiu os primeiros 15% nas pesquisas. “O resto foi o antipetismo, que viu que o Geraldo [Alckmin, candidato do PSDB] não ia crescer e rapidamente fez o voto útil já no 1º turno”, explicou.

Ele, entretanto, não consegue dizer se o governo Bolsonaro representa um novo ciclo na política brasileira. “A gente vai precisar esperar os quatro anos para entender o que ele propôs de agenda para o Brasil e se isso representou a abertura de um novo momento ou se estamos apenas reestruturando o passado”, disse.

Adepto do Parlamentarismo como forma de governo, Rodrigo Maia contou que desencorajou que deputados levantassem questões contra o Presidencialismo nos primeiros meses do governo Bolsonaro. “A gente não pode, de forma nenhuma, em um governo que está começando, abrir um debate para dizer que o sistema presidencialista está em colapso”, afirmou. “Nós temos que respeitar o resultado da eleição e esse debate, se for feito, tem que ser feito no último ano [de mandato do presidente]. Não é correto com um governo que teve 57 milhões de votos agora que a gente abra esse debate, por mais confuso que o governo tenha se demonstrado nos últimos meses.”

STF x Congresso

O presidente da Câmara também discutiu as intervenções do Supremo Tribunal Federal (STF) em assuntos que seriam de responsabilidade do poder Legislativo. Para ele, o STF ainda legisla, mas já legislou mais. “A política tem responsabilidade sobre isso. Ao longo dos 20 anos que passei no parlamento, toda vez que tem uma crise política nós vamos para a PGR investigar um partido ou um político ou vamos para o Supremo”, disse.

Para Maia, nos últimos 30 anos, os partidos estimularam o STF a entrar nas questões do Legislativo. “Com o PT na oposição, depois a gente na oposição, nós transferimos a nossa responsabilidade para o Supremo. Estamos dizendo: ‘Supremo, resolva um problema que é nosso’”, afirmou. “Quando você delega, o outro poder ganha força em relação ao seu.”

Uma forma de se acabar com isso é respeitar as decisões tomadas no plenário do Congresso. “Perder uma votação no plenário onde não há uma caracterização clara de inconstitucionalidade não pode gerar um enfrentamento seguinte no Judiciário apenas porque vai gerar uma boa matéria no jornal”, declarou Rodrigo Maia.

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