Aproveitadores lucram até R$ 4 mil por mês com venda de currículos em SP

  • Por Carolina Ercolin/Jovem Pan
  • 06/10/2016 07h33
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Jovem Pan Máfia dos currículos - REP

Aproveitadores lucram com venda de currículos no centro de São Paulo após desemprego bater novo recorde no País.

A reportagem da Jovem Pan descobriu o esquema ilegal que acontece a céu aberto e abusa da ingenuidade de quem busca uma recolocação profissional em tempos de crise. O lucro dos intermediários chega a R$ 4 mil por mês.

Confira a reportagem completa de Carolina Ercolin:

A prática, que ocorre à luz do dia, mexe com as esperanças de milhares de desempregados que recorrem, sem qualquer desconfiança, a verdadeiras armadilhas camufladas de ofertas de trabalho.

Carlos diz que fatura até R$ 1 mil por semana com a venda de currículos na Rua Barão de Itapetininga, a poucos metros do Teatro Municipal e de uma base da Guarda Civil Metropolitana.

Quem deixa um resumo da sua vida em pastas como essas acredita que está abrindo uma porta profissional. No entanto, os paulistas que depositam a esperança na Barão são, potencialmente, mais vítimas do que futuros empregados.

O vendedor aposentado gosta de se gabar dos lucros do negócio paralelo que administra há seis anos. Cobra R$ 150 por mil currículos em papel ou digitalizados em um pen drive, a gosto do freguês. Carlos e o sócio são contratados por agências de emprego para recolherem currículos na Barão.

Sem saber que estavam sendo filmados, a dupla admitiu que, na verdade, o trabalho de fachada ajuda a atender os verdadeiros clientes: advogados trabalhistas. E eles não se intimidam ao oferecer o serviço ilegal.

Segundo Carlos, advogados de todo o País vêm em busca dos currículos com dados atualizados.

A dupla não é a única que atua na Barão de Itapetininga. É só perguntar sobre o comércio de currículos e lá vem mais uma indicação.

Antonio chega a empilhar as pilhas de folhas pra apresentar melhor a mercadoria, que custa mais cara que a do concorrente: R$ 250 o pacote.

A Polícia tem dificuldade para impedir a ação. Ela quase é mais imoral do que ilegal porque ninguém obriga o desempregado a deixar o pedaço de papel com suas informações pessoais nas pastas. Os interessados partem do princípio da boa fé.

A comercialização de currículos é considerada crime de apropriação indébita. Está previsto no artigo 168 do Código Penal e a pena é de 1 a 4 anos de prisão mais multa.

Além disso, advogados também são proibidos de vender seus serviços dessa maneira.

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil, a publicidade para magistrados é permitida de forma restrita. Quem infringir a ética poderá ter sua conduta avaliada pelo Tribunal de Ética da OAB.

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