Área de comunicação da Petrobras deve ser investigada pela Lava Jato
A área de comunicação da Petrobras deve ser um dos próximos alvos da operação Lava Jato. Os procuradores que lideram as apurações do maior esquema de corrupção do país encontraram vários indícios de supostas irregularidades nas contas que eram administradas pelo ex-funcionário e sindicalista Wilson Santarosa, que foi alçado ao cargo de gerente geral da área de comunicação institucional da companhia na era Lula e teve indicação também do ex-ministro Luiz Gushiken. Santarosa tinha sob seu controle uma carteira de milhões de reais para tratar com agências de publicidade e meios de comunicação.
Santarosa sempre foi criticado por privilegiar alguns veículos em detrimento da maioria, mesmo a Petrobras sendo uma empresa pública. Ele era próximo de Lula e ambos se falavam com relativa frequência. A suspeita é que muitos dos contratos de patrocínio, marketing, apoios e publicidade tenham sido usados para abastecer aliados e campanhas políticas.
Os procuradores da Lava Jato querem desvendar o destino desses milhões de reais distribuídos pela estatal através dos contratos de comunicação. Estima-se que antes do estouro da investigação, a área de comunicação institucional comandada por Santarosa tenha movimentado R$ 1,3 bilhão em um ano.
Quando presidiu o conselho deliberativo do Petros, o fundo de pensão da estatal, o nome de Santarosa foi investigado em sindicâncias internas sob suspeita de irregularidades. Em 2009 os contratos da petroleira foram investigados pela CGU (Controladoria-Geral da União), que levantou as suspeitas de favorecimento político e partidário entre contratos firmados pela estatal com ONGs.
Wilson Santarosa deixou o cargo de gerente geral no começo do ano passado, quando começaram a avançar as investigações da Lava Jato. Desde então, ele se mantém em silêncio para evitar expor ainda mais as feridas já abertas pela estatal do petróleo.
O sucessor no cargo, Luís Fernando Nery, era braço direito de Santarosa, porém mais ligado à gerência voltada a apoio a projetos sociais e culturais. Nery é bem quisto no meio artístico e do samba, e é casado com uma passista que já foi rainha de bateria da Portela em 2012, mesmo sem ser conhecida na comunidade. Ele frequenta as quadras das principais escolas de samba do grupo especial da capital carioca e, como na época de Santarosa, é responsável por avalizar o apoio financeiro que é dado anualmente pela petroleira às agremiações do Carnaval do Rio de Janeiro.
Reportagem: Rodrigo Viga
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