Atentados geram discussões sobre fronteiras e xenofobia

  • Por Jovem Pan
  • 16/11/2015 07h20
Paris 145/11/2015 Homenagem as vitimas dos atentados no centro de Paris . Foto Vincent Gilardi/Fotos Publicas Vincent Gilardi / Fotos Públicas Homenagem Paris

 Os atentados realizados em Paris geram discussão sobre a segurança nas fronteiras da Europa e podem provocar um aumento da xenofobia.

No domingo (15/11), a França começou a usar caças para atacar redutos do Estado Islâmico na Síria. Um dos suspeitos pelos ataques entrou na Europa com passaporte sírio, passando pela Grécia, Sérvia e a Croácia. Ele foi identificado como um refugiado que pediu asilo no último dia 7 de outubro.

Os ataques de Paris revelaram a “ineficácia no funcionamento do sistema de informações” e podem aumentar o preconceito contra os imigrantes.

A brasileira Luise Krieger mora há cinco anos na capital francesa e explica que a imprensa local sempre teve muito cuidado ao falar sobre o Estado Islâmico: “Tem essa preocupação aqui na França de ser contra o preconceito. Isso é bem legal porque o que acontece sempre fica nos fatos”. Ela acrescenta que, na sexta-feira de manhã, antes dos atentados, foram registrados dois alertas de bomba em Paris.

A professora de História Contemporânea da USP, Maria Aparecida Aquino, avalia que os radicais usam a religião para cooptar os jovens: “Talvez eles não cheguem aos jovens falando logo de cara sobre religião. Mas o princípio religioso também é uma forma de convencimento. Você vai apresentar algumas características que pertencem à religião que eles professam e que pode seduzir essa juventude”. A historiadora lembra que as redes sociais ajudam a aliciar os próprios jovens franceses a aderir ao Estado Islâmico.

Para a professora de relações internacionais da Unifesp, Cristina Pecequilo, o preconceito contra os refugiados na Europa tende a aumentar: “Para os partidos fundamentalistas de direita, isso vai favorecer muito o discurso contra o diferente. Se o diferente é identificado como um refugiado sírio ou africano, isso realmente vai gerar novas ondas de violência”. A professora aponta que a prevenção ao terrorismo ficará cada vez mais difícil.

A brasileira Érika Cristiano, jogadora do PSG e da seleção, afirma que se espantou com a reação do técnico do time francês: “O técnico ainda falou para a gente: ‘Fiquem tranquilas. Isso é normal’. Normal? Normal nada! No Brasil não existe essas coisas. Me deixa em casa, me manda para o Brasil”. Ela ressalta que colegas de clube dela estavam no Stade de France, no momento dos atentados.

A brasileira Elisa Fernandes, vencedora do programa Masterchef, embarcou no sábado (14/11) para a Itália e está preocupada com o retorno: “Eu fiquei feliz que essa viagem de final de semana estava marcada para agora, no sentido de que eu posso ficar longe desta tensão que Paris está enfrentando”. Elisa trabalha em um restaurante em Paris e espera ficar na cidade até março de 2016.

O arquiteto brasileiro Gabriel Sepe, de 29 anos, operado após levar três tiros durante a ação dos terroristas passa bem, mas ainda não tem previsão de alta.

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