Atentados podem afetar a geopolítica europeia, diz especialista

  • Por Jovem Pan
  • 16/11/2015 07h51
Élysée – Présidence de la République française François Hollande e Nicolas Sarkozy

 Atentados terroristas em Paris desencadeiam caça aos integrantes do Estado Islâmico pela Europa e o temor de novos ataques afeta até os norte-americanos.

Desde a última sexta-feira (13/11), agentes da inteligência francesa e de outros países europeus trabalham na identificação dos envolvidos nos crimes. Um carro e fuzis utilizados pelos terroristas foram localizados e a polícia emitiu alerta para localização de um suspeito belga chamado Abdeslam Salah.

Na noite dos atentados, os alvos escolhidos pelos homens-bomba do Estado Islâmico foram lugares frequentados por jovens, como relata a francesa Lea De Maiê: “Dentro do restaurante as pessoas não pareciam preocupadas, porque não conheciam o barulho. A policia e os bombeiros chegaram, pessoas corriam na ria. Foi aí que me dei conta de que havia um grande problema. Eu fiquei dentro do restaurante mas minha amiga viu que tinha muitas pessoas mortas na rua”.

A explosão que desencadeou os outros ataques pela capital francesa aconteceu no Stade de France, onde França e Alemanha jogavam.

O francês Max Patt assistia à partida e descreve como tudo aconteceu, dentro e fora da arena: “Todo o público começou a sair dos estádios e tinha um grande movimento de pessoas indo para o metrô. A polícia pediu para voltar para o estádio, então as pessoas ficaram com medo e começaram a correr. Vimos um pai protegendo a filha que estava caindo no chão e tivemos que correr para salvar a vida. Não sabíamos que tinha outro terrorista”.

As investigações apontam que parte dos suspeitos veio da Bélgica, o que indica a presença de células do Estado Islâmico operando na Europa.

O professor de relações internacionais da FAAP, Marcus Vinicius de Freitas, avalia que o avanço do terror fará o bloco rever a livre circulação: “O grande problema é que na hora que eles começarem a recolocar esse tipo de barreira, toda aquela ideia de livre circulação da união europeia começa a ser sacrificada. A união europeia está em um momento difícil, a economia está complicada, o euro tem seus desafios e pensamos agora no sacrifício de uma das premissas básicas do bloco, que é a livre circulação de pessoas. Você transita tranquilamente na Europa e essa é uma das reclamações dos britânicos em relação aos franceses, que a França não tinha adotado medidas de controle nas suas fronteiras”

Os líderes reunidos para a cúpula do G20, na Turquia, ressaltaram a necessidade de combate efetivo ao Estado Islâmico.

Para o professor de história contemporânea do Mackenzie, Alexandre Hekker, é preciso que todos os países participem de um acordo contra o terrorismo: “Não haverá solução a não ser que haja um acordo internacional, suficientemente ampla para respeitar as particularidades dos países. O Estado Islâmico está, depois de algum sucesso dentro do território da Síria e do Iraque, ele está saindo das suas fronteiras”.

Os atentados em Paris deixaram 129 mortos e 352 feridos, sendo que destes, 99 estão em estado grave. Há três brasileiros entre os feridos.

Pelo menos dez prisões já foram realizadas, todas na Bélgica, por suspeita de envolvimento com os ataques.

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