Áudio do Copom confirmaria disparos de menor antes dele ser baleado

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2016 11h41
Reprodução/TV Globo Câmera de segurança

 Um áudio do Copom, o Centro de Operações da Polícia Militar, revelou um jargão de policiais e sustenta a versão de que o menor de 10 anos teria atirado contra os PMs.

Na gravação, pode ser ouvida a expressão “jogou pra cima”, que, na linguagem policial, significa que alguém estaria atirando contra as equipes. A gravação foi divulgada nesta terça-feira (14) pelo portal G1.

No início do mês, PMs perseguiam um carro furtado momentos antes, em um condomínio no Morumbi, sem saber que era ocupado por dois garotos de 10 e 11 anos. Na ação, o veículo bateu, houve troca de tiros e o menino de 10 anos que dirigia o carro morreu com um tiro na cabeça.

O caso passou a ser investigado pelo DHPP, o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, e pela Corregedoria da Polícia Militar. Suspeitos de terem executado o garoto, os seis policiais envolvidos na ocorrência, que foram retirados das ruas, sustentam que o menor atirou primeiro e, portanto, foi morto em legítima defesa.

Marcos Manteiga, advogado dos militares, diz que a expressão usada na gravação deixa claro que eles revidaram disparos feitos pelo garoto: “Jogou para cima é um tiro. E lá na frente, no final, que tem dois tiros por parte de dois policiais, um cada um, e mais o tiro do fugitivo. O tiro dos policiais foi para repelir a injusta agressão do menor, que novamente atirou. Foi o terceiro tiro do menor”.

O áudio faz parte da investigação e é analisado pela Corregedoria e pelo DHPP, bem como imagens de câmeras de segurança da região. Para Júlio César Neves, ouvidor da Polícia, o contexto geral da gravação precisa ser analisado: “Isso daí não significa, não deixa claro que foi uma atitude legítima essa de ter atirado no menino. Precisa saber quando realmente o soldado da motocicleta atirou no menino”.

Marcos Manteiga acrescenta que os policiais não sabiam, até o desfecho dos fatos, que a ocorrência envolvia crianças: “Por que o tiro pegou na cabeça? Era um garoto muito baixo, o tiro ali do policial da motocicleta não teve mira, ele simplesmente levantou a arma e atirou. Se fosse em uma pessoa adulta, o tiro teria atingido o ombro, não a cabeça”.

A Polícia Militar informou que não comentaria o caso por estar sob sigilo judicial.

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