Augusto Nardes considerou aposentadoria por causa de estresse
O Ministro Augusto Nardes, relator das pedaladas fiscais do governo no TCU, diz que cogitou aposentadoria após desgaste sofrido com o processo.
Segundo o TCU as pedaladas atingiram R$ 40 bilhões no ano passado, mas a equipe econômica do governo Dilma Rousseff já fala em R$ 50 bilhões.
Nardes afirmou que a análise das contas durou entre 5 e 6 meses e que, nesse período, ele sofreu muita pressão de todos os lados, além de ameaças de políticos, pessoas ligadas ao governo, anônimos e até ameaças de morte.
O ministro teve que reforçar a segurança pessoal e se privar de alguns lugares públicos em momentos de folga e lazer. Ele disse que não está totalmente recuperado do estresse e da pressão que sofreu, o que faz com que ele pense algumas vezes em deixar o Tribunal, onde os ministros tem cargos vitalícios.
Para contar como se sente, ele se lembrou da inesperada saída de Joaquim Barbosa, que deixou a corte do STF em maio de 2014, após um desagaste profundo no julgamento do mensalão. Nardes disse: “Esse tema foi muito polêmico, tive problemas seríssimos, mas já passei por essa etapa. Não sei qual é o rescaldo, se vou pelo mesmo caminho do Joaquim Barbosa, se vou me aposentar ou não, mas é um problema enfrentar um assunto como esse. Mas a gente tem que defender a sociedade”.
Mais tarde, ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade de aposentadoria, Nardes foi mais cauteloso: “Essa questão da pressão foi muito forte e vai continuar, mas eu estou tranquilo com o trabalho feito, com a consciência de que tínhamos que dar um basta nos gastos irregulares. Foi uma mudança de paradigma no Tribunal e foi importante para a sociedade brasileira”.
O ministro e relator cobrou do Congresso Nacional um posicionamento sobre a votação das contas de Dilma Rousseff em 2014, mas entende que, pelo rito da casa, essa votação só deve acontecer em 2016. Ele defendeu que o governo tenha a possiblidade de parcelar esse passivo.
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