“Bancos Centrais não podem ser cães que ladram e não mordem”, diz economista

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2016 11h19
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Marcelo Camargo / Agência Brasil Alexandre Tombini

 Na terça-feira (19/01) o FMI apontou a China e o Brasil como os maiores responsáveis pela piora nas projeções de crescimento mundial, nos próximos dois anos. O órgão mudou a estimativa para a economia brasileira de -1% para -3,5%, número que foi anunciado por Tombini e que, segundo ele, seria levado em consideração pelo COPOM.

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, destaca o ineditismo da nota e a falta da independência política das decisões: “Em um contexto que o Banco Central não tem autonomia formal, em um contexto em que a credibilidade da instituição está em jogo e na véspera de uma reunião do Copom, o mercado tem todo o direito de achar que houve uma interferência ou que está havendo interferência política no Banco Central”.

O FMI projetou que o Produto Interno Bruto ficará estagnado em 2017 e que poderá ocorrer alguma recuperação apenas em 2018. Em entrevista a Denise Campos de Toledo, o economista Gesner de Oliveira aponta o efeito negativo da alta dos juros: “Há sempre uma variação das previsões, mas os números parecem corresponder àquilo que de fato estamos assistindo, uma forte contração, do nível de atividade em 2016 e sem perspectiva de retomada clara, e nesse sentido é importante que o Copom leve isso em consideração”.

De acordo com o FMI, as projeções estão relacionadas também às incertezas políticas e às investigações da Petrobras. O economista Cláudio Adilson Gonçalez, ex-secretário de Política Econômica, enfatiza que o Banco Central não pode ser contraditório: “É um momento muito ruim para o Banco Central mostrar uma tibieza. Bancos Centrais não podem ser os cães que ladram e não mordem”.

Por meio de sua assessoria, o Banco Central disse que não quebrou a regra do silêncio que costuma ser adotada antes das reuniões do Copom. O Comitê de Política Monetária anunciará nesta quarta-feria (20/01) se vai alterar ou manter a Selic, que atualmente está em 14,25% ao ano.

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