Base Nacional Curricular deixa de fora preocupação com o envelhecimento

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2017 10h59
Marcelo Camargo/Agência Brasil Idosos Brasil

A nova Base Nacional Curricular, que está em discussão há mais de dois anos e traz o conteúdo que deverá ser ensinado em todas as escolas do País, deixou de fora um tema que o governo tenta resolver em outra ponta da pirâmide: o envelhecimento.

Em meio às discussões da Reforma da Previdência, o tema poderia ser aproveitado como instrumento de promoção de uma terceira idade saudável, uma realidade que será enfrentada pela próxima geração. Mas passou batido, segundo especialistas.

Se mantida a taxa atual, o envelhecimento da população brasileira será duas vezes mais rápido que a média mundial. Em 2020, teremos menos crianças com 5 anos e mais pessoas com 75 anos pela primeira vez na história.

De alguma forma, na visão da presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de SP, Maisa Kairalla, um conteúdo transversal entre disciplinas ajudaria a sociedade a aprender a lidar com a população idosa no futuro. “Mesmo que seja de uma forma mais lúdica e não curricular”, disse.

Entre as 10 competências básicas propostas pelo texto, está o exercício da empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação.

O documento ainda ressalta a importância de agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.

A especialista em educação, Tania Fontolan, que é diretora do Programa Semente, explicou que a escola não tem preparado o cidadão para o mundo, na contramão do que já é realidade em países referência em educação como Singapura, Coreia do Sul, Canadá e Finlândia. Portanto, há que se comemorar a mudança.

“Se você pensar quais são os requisitos que a maior parte das empresas solicita, você não vai encontrar alguém para trabalhar com computador pedindo especificidades da contabilidade, mas é comum que se peça algum resiliente, que saiba trabalhar em grupo”, explicou.

Na Base, que engloba o ensino infantil e o fundamental, as ciências humanas não vão mais ser obrigadas a trabalhar conceitos de gênero, e nem a ter ensino religioso. O MEC considerou o conteúdo optativo, o que já gerou críticas.

Ao saber da retirada da religião, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil enviou uma carta ao Conselho Nacional de Educação em que afirma que a omissão é “inconstitucional”, uma vez a disciplina é exigida na Lei de Diretrizes e Bases.

O inglês vai ser obrigatório e as crianças têm que estar alfabetizadas plenamente até os 7 anos, no fim do segundo ano do ensino fundamental. Antes era até o fim do terceiro.

O Conselho Nacional de Educação ainda tem que aprovar a base, que depois é homologada pelo MEC. As escolas públicas e privadas vão ter dois anos para se adequar.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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