Bebê com danos por causa do zika, mas sem microcefalia, é descoberto por pesquisadores

  • Por Jovem Pan
  • 09/06/2016 13h13
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Larvas do Aedes aegypti EFE (efe) Larvas do Aedes aegypti

 O primeiro bebê do mundo sem microcefalia, mas que desenvolveu problemas graves de visão provocados pelo vírus da zika deixou o hospital, há quatro meses, sem levantar a suspeita dos médicos. A mãe não relatou sentir os sintomas da doença durante a gestação e nenhum exame feito na maternidade detectou problemas neurológicos na criança.

Foi em casa que a mãe notou que algo estava errado com o recém-chegado, que nasceu com 38 semanas, 3,5 kg e cabeça medindo 33 cm, considerado normal.

A Dra. Camila Ventura, da Fundação Altino Ventura, uma das autoras do estudo publicado nesta terça-feira (07) na revista científica The Lancet, revela que a pesquisa traz provas concretas de uma suspeita antiga dos médicos, a de que a microcefalia é só a ponta do iceberg: “Foram detectados espasmos, contrações involuntárias dos membros inferiores e superiores. São crianças irritadiças, elas choram e é difícil controlar o choro dessas crianças. É um choro neurológico, não é normal”.

O texto não só confirma a tese, mas levanta uma grande preocupação de que os pais fiquem atentos para tomarem uma atitude o mais rápido possível: “O que a gente tem tentado alertar a população é que não se deve levar em consideração apenas o perímetro cefálico, mas se for uma criança irritadiça, que não para de chorar, uma criança que tem convulsões de repetição, tudo isso, nessa fase em que estamos ainda sofrendo as consequências do zika no país, tem que levar a um neurologista, a um oftalmologista, o mais rápido possível, para que essa criança possa ser examinada e investigada”.

Quanto antes uma criança com problemas visuais ou neurológicos é estimulada, mais rápido ela fará progressos e se desenvolverá.

E como o Ministério da Saúde tem colocado a microcefalia como critério para continuar investigando os casos, corre-se o risco acabar excluindo crianças que têm lesões. Atualmente, o Brasil tem 1.551 casos confirmados de microcefalia e 3.017 ainda em investigação.

Reportagem: Carolina Ercolin

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