Brasileiro é solidário na hora de doar, mas desconfia de organizações

  • Por Jovem Pan
  • 17/06/2016 13h00
Daniela Barcellos / Palácio Piratini Doação

Uma pesquisa inédita revela que o perfil típico do brasileiro que mais faz doações, seja em dinheiro ou bens, é mulher e nordestina. Tem instrução superior, alguma religião, renda acima de R$ 3.500 e se diz satisfeita com a vida que tem.

Em 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram quase R$ 14 bilhões, valor que corresponde a 0,2% do PIB brasileiro. O que dá algo em torno de R$ 20 a R$ 40 por mês e está longe de patamares alcançados por países como Estados Unidos.

Os dados, que fazem parte da Pesquisa Doação Brasil, do Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social, traz ainda uma percepção sobre uma pulga atrás da orelha do já escaldado povo brasileiro. Apesar de 77% das pessoas dizerem ter feito algum tipo de doação em 2015, a desconfiança em relação às organizações sociais aparece com frequência nas respostas.

Para a diretora do IDIS, Paula Fabiani, que coordenou a pesquisa, o reflexo do contexto político do país é forte, mas ela reforça que, ainda assim, o brasileiro se mostrou solidário e sensibilizado, principalmente quando as causas são saúde e crianças: “Aqueles que não fazem uma prática de doação reforçam a desconfiança nas organizações sociais. Mas acho que a gente tem boas notícias para dar, já que mais da metade da população brasileira faz algum tipo de doação, e em particular temos 46% dos brasileiros que doam dinheiro para organizações sem fins lucrativos. Esse é um número muito bacana, confirma que o brasileiro é solidário, pratica a doação e se solidariza com os problemas da sociedade”.

Do outro lado do balcão, além da desconfiança, o padre Paolo Parisi, que coordena a Missão Paz abrigando imigrantes e refugiados de países em conflito em São Paulo, notou que a crise tem afetado a prática da doação: “Eles querem ver aonde vai a doação, querem verificar. Outra coisa que prejudica é a crise, que diminuiu muito as doações. Infelizmente, os elementos de corrupção pesam na escolha de doar. Nós tivemos uma grande diminuição agora, com a crise, de doações de arroz e feijão, em torno de 60% ou 70%”.

Segundo o estudo, a igreja também exerce uma forte influencia no habito de doar dos brasileiros.

Confira a reportagem da Carolina Ercolin:

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