Burocracia brasileira atrapalha pesquisas internacionais sobre vírus zika
A burocracia brasileira traz entraves para as pesquisas internacionais sobre o vírus zika e a relação da doença com a microcefalia. Autoridades do governo americano e da OMS se queixaram que os institutos daqui não estão compartilhando as amostras colhidas no país.
O motivo é a legislação brasileira, que para combater a biopirataria, considera ilegal o envio de material genético, como amostras de sangue, para o exterior. Em maio do ano passado, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei da biodiversidade, que flexibiliza o compartilhamento de materiais genéticos.
O secretário-geral da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU elogia a regulamentação, mas vê problemas jurídicos no marco. Em entrevista ao repórter Victor La Regina, Bráulio Dias espera que o governo brasileiro acabe com a burocracia para colaborar: “Talvez o que esteja dificultando é que o governo brasileiro não concluiu o processo de regulamentação dessa lei. Faltam alguns detalhes para facilitar essa tramitação”. Braúlio Dias recorda que a OMS enfrentou problema semelhante há mais de 10 anos, quando a Indonésia se recusou a entregar amostras da gripe aviária.
O pesquisador da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares, diz a Vinícius Silva que o governo deveria editar uma portaria específica para o zika: “Exclusivamente para isso, troca de informações, envio de materiais para fora do país, todo tipo de tecnologias voltadas para desenvolvimento, diagnóstico e vacinas. Acho que a presidente poderia baixar uma portaria com relação a esse tipo de emergência”.
De acordo com reportagem publicada pela Associated Press, autoridades sanitárias de todo o mundo estão recorrendo a linhagens antigas do vírus. Os pesquisadores estão usando amostras obtidas em um surto ocorrido em 2007 na Polinésia Francesa.
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