Burocracia na USP deixa milhares de pacientes com DSTs sem atendimento
Burocracia da Universidade de São Paulo deixa milhares de pacientes com doenças sexualmente transmissíveis sem atendimento em São Paulo. Pelas novas regras da reitoria, só podem trabalhar na USP funcionários concursados.
Por não se enquadrar na norma, um grupo de médicos indispensáveis ao atendimento de doentes com HIV e sífilis foi demitido em janeiro.
A saída dos profissionais levou ao fechamento da área de DST do centro de saúde Paula Souza, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Ao longo de décadas, esse setor participou do treinamento de 4,2 mil estagiários e atendeu cerca de 310 mil pacientes.
O diretor do centro, Luiz Jorge Fagundes, disse que faltou um olhar humanístico antes de uma decisão tão drástica: “hoje, se você acompanha nas mídias, todos os dias sai notícia sobre aumento de sífilis. Eu, quando acordo de manhã e não tenho mais ambulatório, fico muito triste”.
Fagundes afirmou ainda que negociava havia mais de dois anos a realização de um concurso para a regularização dos médicos.
Sem se identificar, um dos pacientes que ficaram sem o atendimento enumerou a Izilda Alves as qualidades do serviço antes oferecido pela USP. “Primeiro o valor humanitário, segundo a qualidade técnica. A facilidade de poder chegar e a facilidade de fazer os exames”, disse.
Médicos e membros da comunidade acadêmica defenderam a reabertura do serviço de DST da Faculdade de Saúde Pública da USP.
O diretor do serviço de ginecologia do Hospital do Servidor Público Estadual, Reginaldo Guedes Coelho, disse que o Brasil está perdendo uma referência: “eu acho que esse fechamento faz parte de política geral. A população mais carente vai perdendo acesso a assistência médica e a isso dificulta para ela e, ao memso tempo, o treinamento dos residentes não existe mais”.
Coelho avaliou ainda que o País está regredindo tanto no atendimento quanto no ensino da medicina. Os milhares de pacientes que eram atendidos no centro de DST da USP agora precisam procurar novas opções na rede pública, mas de qualidade inferior.
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