“Cada vez mais temos menos acusadores e mais acusados”, diz especialista sobre Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 13/01/2016 07h12
Wilson Dias / Agência Brasil Nestor Cerveró

 Em depoimento de delação premiada, Nestor Cerveró citou três ex-presidentes da República e colocou a oposição também nas investigações da Lava Jato. Em depoimento à Justiça, o ex-diretor da Petrobras citou Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Cerveró relatou um pagamento de US$ 100 milhões para a compra de uma empresa argentina pela estatal brasileira, durante o governo FHC. Ele afirmou que o ex-presidente Lula lhe concedeu cargo na Petrobras pelo reconhecimento ao quitar empréstimo com o Banco Schahin. O ex-diretor da Petrobras também atribuiu a Lula influência sobre a BR Distribuidora ao senador Fernando Collor para compra de etanol em Alagoas.

Em entrevista a Marcelo Mattos, o professor de Ciência Política da FGV, Marco Antonio Teixeira, aponta o acirramento no cenário em 2016: “Precisa ter como consequência a confirmação dos fatos, a punição dos envolvidos e, sobretudo, reformas institucionais que melhorem o estado, as empresas envolidas, para que isso não ocorra novamente e que a gente tenha um sistema político melhor. O que deve acontecer é um acirramento do debate político. A grande novidade é que cada vez mais você tem menos acusadores e mais acusados”. As declarações de Nestor Cerveró fazem parte do acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República, firmado em novembro de 2015.

O líder do PPS, deputado Rubens Bueno, lembra que duas CPIs da Petrobras foram demolidas em Brasília e cabe à Justiça esclarecer os fatos: “O congresso não cumpre com seu papel de investigar, de apurar, e tomar as medidas necessárias enquanto poder de fiscalização. Então o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça estão tomando a dianteira”. Cerveró foi diretor da Petrobras de 2003 a 2008 e depois seguiu para área financeira e de serviços da BR Distribuidora.

Para o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília, Leonardo Barreto, a opinião pública aguarda a condenação dos envolvidos: “Ela espera muito um julgamento definitivo de pessoas que estão comprovadamente envolvidas nesse processo. E não fazer isso depois de tanta delação, de tanta prova, seria um sentimento de frustração até perigoso. Você não sabe que tipo de manifestação isso poderia gerar dentro da sociedade brasileira”.

O Instituto Lula informou que comenta vazamentos ilegais, que alimentam um mercado de delações sem provas em troca de benefícios penais. O ex-¬presidente Fernando Henrique Cardoso disse que as afirmações são vagas e se referem genericamente ao período no qual foi presidente.

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