Campanha pretende reduzir taxa de homicídios na América Latina
A cada quatro pessoas assassinadas no mundo, uma é brasileira, colombiana ou venezuelana. De acordo com dados do Observatório de Homicídios, do Instituto Igarapé, pelo menos 437 mil pessoas são assassinadas no mundo a cada ano, uma média global de seis homicídios para cada 100 mil pessoas. Os dados assustam e por esse motivo algumas instituições promovem agora a campanha Instinto de Vida, foi lançada segunda-feira, no Rio de Janeiro.
A campanha é uma iniciativa de 33 organizações latino-americanas que pretende reduzir pela metade o número de homicídios na região, em um prazo de 10 anos. Dessa forma será possível salvar cerca de 375 mil vidas. “A campanha é uma aliança com o objetivo de reduzir em cinquenta por cento nos próximos dez anos o número de homicídios”, destaca Ilona Szabó, diretora executiva do Instituto Igarapé.
As entidades brasileiras que integram o projeto são o Nossas, Instituto Sou da Paz, Instituto Igarapé, Anistia Internacional, Observatório de Favelas e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Das 50 cidades com mais assassinatos do mundo inteiro, 43 estão na América Latina. Os países foco da campanha são Brasil, Colômbia, El Salvador, Honduras, Guatemala, México e Venezuela.
Felippe Angeli, coordenador de advocacy do Instituto Sou da Paz aponta que a região tem apenas oito por cento da população global, mas registra 38% dos homicídios do mundo todo. “Um terço dos homicídios que ocorrem no mundo, ocorrem na América Latina”, afirma.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública para a campanha revela que 50 milhões de brasileiros conhecem alguém próximo que já foi assassinado. “Nós apresentamos índices [de violência] que ultrapassam zonas de conflito declarado”, destaca Angeli.
Quando se fala em crimes de homicídio, o Brasil é campeão: são quase 60 mil mortes violentas por ano. “Nem em situação de guerra você encontra esse tipo de cifra”, ressalta Ilona Szabó.
O objetivo da campanha é fazer pressão e garantir compromissos para políticas públicas que ajudem no combate à violência. “A gente já fez muitas pesquisas e sabemos hoje como reduzir os homicídios: a gente precisa de compromisso político e de liderança”, reafirma a diretora executiva do Instituto Igarapé. E completa: “Nós precisamos nos indignar (…) Não podemos aceitar respostas populistas que olham a vingança como justiça”.
Projeções do Observatório de Homicídios do Instituto Igarapé indicam que, enquanto a violência letal diminui em outras partes do mundo, a taxa regional poderá passar de 21 para 35 por cem mil habitantes até 2030. O número representa sete vezes a média global.
Além do compromisso público, o foco é mobilizar a população para que conheça as reais soluções do problema. Para saber mais informações sobre a campanha Instinto de Vida basta acessar instintodevida.org. No site é possível ver todos os dados, pesquisas e informações a respeito da violência nos países latino-americanos e também encontrar maneiras de ajudar a combatê-la.
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