Carne Fraca muda hábitos, gera promoção e piadas do consumidor brasileiro
Para tentar vencer a desconfiança do consumidor, supermercados colocam carne em oferta na ressaca da operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investiga indícios de corrupção de agentes públicos federais e crimes contra a saúde pública.
A manobra ocorre após as ações das duas gigantes dos alimentos – JBS, dona da Friboi, e BRF, união da Sadia e Perdigão – desabarem na sexta passada (17).
Em um estabelecimento da zona sul de São Paulo, o quilo da picanha saia a partir de R$ 18,90.
Em outro, o locutor anunciava a promoção nos alto falantes da loja… e atraia clientes, de olho, apenas, no preço da gôndola. “Picanha bovina! Promoção: R$ 24,90 o quilo da peça!”.
O brasileiro até brinca com as revelações sobre as carnes estragadas que teriam entrado na produção de grandes frigoríficas. “Quem morreu, morreu. Quem não morreu, vai morrer a qualquer hora”, diz uma consumidora.
Já as clientes Ana Estela Vieira e Roberta Braga estavam repensando o cardápio do fim de semana e os hábitos de compra da família. “Pretendia cantar carne, um lagarto, uma carne louca, agora não sei como vai ser”, diz Ana. Roberta escolhe “carne fresca, que a gente possa olhar, sem ser os embutidos”. “Temos um amigo que tem uma casa de carne em que a gente pode confiar”, opta.
Recorrer ao açougue do bairro parece ser a saída que muitos encontraram para fugir das marcas que estão no mercado, a maioria também envolvidas no esquema que permite que carne de cabeça de porco, salmonella e ácido ascórbico sejam usados para maquiar produtos vencidos.
Sorte de Cristiane Dalpino, que mantém um açougue no Itaim Bibi, na capital, e que compra mercadoria de um frigorífico que passou longe do noticiário nesses dias. “Nossa casa trabalha com a carne natural, nunca congelada”, diz Cristiane. “Pessoas passam e perguntam: ‘é Friboi’. Não, não é Friboi”, brinca. Dalpino diz que “a procedência” de carnes embaladas “sempre foi uma dúvida”.
O ovo, mais em conta, também ganhou espaço no carrinho dos consumidores pra virar mistura, como a de seu Tarcísio, que não se arriscou em um churrasco neste fim de semana.
A sessão da peixaria dos supermercados também ganhou mais frequentadores.
Reportagem de Carolina Ercolin
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