Caso Bumlai: oposição questiona família de Lula e PT reclama de perseguição
O pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava Jato, utilizou contratos da Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin. Em contrapartida, o Banco Schahin perdoou uma dívida de R$ 12 milhões de campanha eleitoral petista. As operações ficaram até nove anos sem serem quitadas e serviam para “dissimular” o caminho do dinheiro emprestado a terceiros.
De acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, o empréstimo de fachada tinha o objetivo de favorecer o PT: “Houve empréstimo em 2004, contraído formalmente no nome de José Bumlai, mas que se destinava ao Partido dos Trabalhadores. O empréstimo foi pago mediante a contratação do Schahin como operador do navio-sonda Vitória 10.000 da Petrobras em 2009”. O procurador aponta que o empréstimo teve perdão de juros, o que indica a irregularidade.
O diretor da Receita Federal, Roberto Leonel, constatou que as operações tinham o objetivo de tentar demonstrar lisura dos negócios: “Esse caminho foi feito através de vários empréstimos declarados entre pessoas físicas e jurídicas, para dissimular o caminho do dinheiro desde o banco que forneceu o empréstimo ao primeiro devedor até o beneficiário final”.
A nova fase da Operação Lava Jato é batizada de “Passe Livre”, onde as empresas não cobravam e os devedores não pagavam.
O senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São Paulo, conta que Bumlai era amigo íntimo de Lula e que entrava no Palácio sem pedir licença: “Há também a suspeita sobre o tipo de relacionamento que ele tinha com a família Lula da Silva, que hoje é muito próspera. Qual é a sua importância para a prosperidade dessa família? Sem dúvida é o fogo chegando perto”.
O PT orientou integrantes da legenda a divulgar que “trata-se de perseguição política” da Lava Jato ao PT e ao ex-presidente.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães, seguiu mais uma determinação e minimizou a amizade entre Bumlai e Lula: “O Brasil tem amigos de todos os lados. Isso não atrapalha em nada o governo. O que o governo quer é votar o PLN 05”.
A Polícia Federal fez diligências, na terça-feira (24/11), na casa e no escritório de Bumlai em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O pecuarista, detido em um hotel de Brasília, foi transferido para Curitiba, capital do Paraná.
Apesar de Lula, que teria dito a aliados que é o verdadeiro alvo político da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro garantiu que não há provas contra o ex-presidente. O magistrado apontou que o pecuarista foi preso porque poderia usar o nome do líder petista, de forma indevida, para obstruir as investigações.
Além da apuração do esquema de desvios na Petrobras, José Carlos Bumlai também é alvo de outra investigação da Polícia Federal.
Agentes foram à sede do BNDES, no Rio de Janeiro, à procura de documentos sobre empréstimos de mais de R$ 500 milhões concedidos ao pecuarista.
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