Com restrições, China retoma compra de carne brasileira; “vitória bastante importante”, diz ministro
O ministério da Agricultura confirmou neste sábado (25) que a China liberou com restrições a importação de carne brasileira. A nota oficial do Ministério da Agricultura (veja ao final do texto) diz que foram fornecidas ao País “todas as explicações necessárias” e garantida “a qualidade de nossa inspeção sanitária”.
A liberação ocorre menos de uma semana depois de o país asiático suspender a compra de carne suspeita brasileira (na última segunda, 20) e oito dias depois da deflagração da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que apontou irregularidades na inspeção da produção nacional e tem provocado prejuízo no mercado frigorífico interno e de exportação.
Cerca de 20 países haviam adotado restrições ao produto. Além da reabertura chinesa, o Chile retirou o veto total da carne brasileira neste sábado (25), mas manteve a restrição para os 21 frigoríficos investigados, informa o colunista do G Gerson Camarotti. Um terceiro país, o Egito anunciou que vai retomar a importação de carne brasileira, de acordo com a Agência Reuters.
Pouco mais cedo, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan, quando a informação sobre a reabertura do mercado chinês ainda era “estraoficial”, o ministro da Agricultura e Pecuária Blairo Maggi ja comemorava o reestabelecimento de um dos maiores canais comerciais do setor.
“Nós trabalhamos bastante essa semana para restabelecer esse canal”, disse. “Haverá a liberação com algumas restrições, por exemplo, às cargas que foram mandadas com assinaturas dos técnicos que estão sob investigação”.
Ainda estão suspensas as compras do frigorífico da JBS na Lapa (PR), onde se constatou que as licenças de exportação eram emitidas sem fiscalização, e as cargas cujo embarque foi autorizada pelos sete fiscais envolvidos na operação.
O ministro celebrou a notícia: “é uma vitória bastante importante que nós vivemos no Brasil com respeito à carne”. Maggi lembra que a China “é o principal” comprador da carne brasileira. A China comprou US$ 1,75 bilhão em carne brasileira no ano passado.
“A China compra diretamente de nós, um pouco depois de Hong Kong, e Hong Kong é um polo distribuidor de carnes para toda aquela parte da Ásia”. E explica: “considerando os dois, temos um reflexo bastante grande na posição da carne brasileira na Ásia”.
“Cotovelada”
Ouça a entrevista completa de Blairo Maggi AQUI. Nela, Maggi também disse que espera um baque na concorrência internacional, porque “o mercado é feito na cotovelada”. Ele crê que a imagem negativa da Carne Fraca repercutirá nos preços de exportação.
O ministro ainda informou que reunirá os 27 superintendentes estaduais do ministério da Agricultura na segunda-feira (27) “deixar tudo a pratos limpos” em relação a eventuais casos de corrupção. Maggi assegurou também que o consumidor brasileiro pode consumir carne nacional sem medo. “Se tiver algum problema liga para mim aqui que eu vou socorrer”, brincou.
Veja a nota do ministério da Agricultura e Pecuária:
“A China anunciou hoje (25/03) a reabertura total do mercado às carnes brasileiras. Trata-se de atestado categórico da solidez e qualidade do sistema sanitário brasileiro e uma vitória de nossa capacidade exportadora. Nos últimos dias, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Itamaraty e a rede de embaixadas do Brasil no exterior trabalharam incansavelmente para o êxito que se anuncia hoje. A regularização do ingresso da carne brasileira na China mostra o espírito de confiança mútua entre os dois países e a disposição para dialogar com boa fé.
A China nunca fechou o mercado aos nossos produtos, mas apenas tomou medidas preventivas para que tivéssemos a oportunidade de oferecer todas as explicações necessárias e garantir a qualidade da nossa inspeção sanitária. Agradecemos o gesto de confiança da China, nosso parceiro estratégico, na credibilidade do sistema brasileiro.
Ministro Blairo Maggi
Brasília, 25 de agosto de 2017 (sic)”
Com informações complementares de Estadão Conteúdo
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