Chuvas acima da média melhoram reservatórios, mas geram caos em SP

  • Por Jovem Pan
  • 07/06/2016 07h56
Janiru/SP - Devastação causada por forte ventania no município de Janiru, interior do estado de São Paulo (Rovena Rosa/Agência Brasil) Rovena Rosa / Agência Brasil Chuvas em Jarinu

 A primeira semana de junho tem chuvas acima do dobro da média histórica e precipitações ajudam a melhorar a situação dos reservatórios. Todos os sistemas que abastecem a região metropolitana já receberam mais água que o esperado para o período, com exceção do Rio Claro. Na capital paulista, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências, já choveu 159% a mais que a média no mês de junho.

O professor de Hidrologia da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, diz que as chuvas são bem vindas, já que o nível dos reservatórios começava a cair: “Essas chuvas interromperam a tendência de queda que estava sendo observada nos últimos dois meses. Volta a subir, mas parando essas chuvas, elas devem retornar a somar ao nível dos reservatórios”. Zuffo lembra que o ano ainda está sendo influenciado pelo El Niño, mas que 2017 será mais seco devido ao fenômeno La Niña.

O meteorologista do CGE, Michel Pantera, explica a Anderson Costa porque as precipitações estão atingindo São Paulo em pleno mês de junho: “É um mês seco, então a média é baixa, de 45,2 mm. Esse corredor de umidade, essa zona de convergência de umidade, vem trazendo toda a umidade da Amazônia e vem direcionando para o estado de São Paulo, então isso reforça essa áreas de instabilidade e causa esses grandes volumes de chuva que a gente tem observado”.

O Sistema Cantareira, que é o principal reservatório da região metropolitana, está atualmente com 69,9% da capacidade.

Na segunda-feira (06), São Paulo teve um dia complicado por conta das chuvas, ficando sob estado de atenção para alagamentos. Houve o transbordamento do córrego Ipiranga e o estado de alerta na região foi encerrado apenas no fim da tarde, após o enfraquecimento da chuva.

Marcos Palumbo, capitão do Corpo de Bombeiros e porta-voz da corporação, resumiu a situação vivida na Grande São Paulo: “Tiveram 35 quedas de árvores que o corpo de bombeiros registrou no meio da tarde. Tivemos seis pontos de alagamento que os bombeiros tiveram que fazer resgates, em diversas áreas da região metropolitana, como São Bernardo do Campo, Diadema, Guarulhos e duas na região da zona leste, no Itaim Paulista”.

Por conta da chuva, os trens da linha 5-Lilás do Metrô circularam por cerca de duas horas com velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações.

Para o capitão Palumbo, o volume de chuvas é completamente atípico para o período do ano: “Agora nós estaríamos na operação Corta Fogo. Verificamos o que causou a grande catástrofe na região de Jarinu, em Campinas, e foram 74 mm de chuva que caíram em pouco tempo, com ventos bem fortes de cerca de 90 km/h”.

A Represa Paiva Castro atingiu 70% da capacidade na tarde desta segunda, segundo a Prefeitura de Franco da Rocha. No domingo, o nível era de 37% e por conta das chuvas, a Sabesp adotou manobras para evitar que haja rompimento e inundações no município.

A região de Sorocaba, por sua vez, enfrentou falta de energia. Segundo informações da CPFL, as chuvas danificaram três linhas de transmissão da CTEEP, deixando 558 mil clientes sem energia em Sorocaba, Votorantim, Itu, Mairinque, São Roque, Ibiúna, Iperó e Araçoiaba da Serra.

A CPFL informou que previa restabelecer metade dos clientes até a noite desta segunda-feira fazendo manobras em seu sistema. Piedade, Tapiraí e Pilar do Sul também sofreram queda de energia e a concessionária Elektro diz que não há previsão para restabelecimento.

O fornecimento de energia somente poderá ser totalmente normalizado com o restabelecimento do sistema de transmissão da CTEEP. A Companhia informou que, desde 1º de junho, seu sistema de transmissão tem sido seriamente afetado pelos recentes efeitos climáticos.

Após inspeção, a CTEEP detectou 10 torres de transmissão danificadas e, em função disso, houve a interrupção no fornecimento de energia. A companhia não deu previsão para o restabelecimento do fornecimento de energia.

No final de semana, Jarinu foi fortemente atingida pelas chuvas e a recuperação dos estragos, segundo a prefeitura, pode levar até três meses. Uma mulher morreu, 50 pessoas foram socorridas, quatro com gravidade, e vários desabamentos foram registrados em vários pontos da cidade.

A cidade de São Carlos decretou estado de emergência nesta segunda-feira depois da chuva do final de semana. Segundo a Defesa Civil, os ventos por lá chegaram a 120 km/h e quatro famílias estão desabrigadas.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.