Cientista político acusa Lula de comprar votos dos deputados e pede ação de Janot

  • Por Jovem Pan
  • 07/04/2016 10h46
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Brasil, São Paulo, SP, 22/04/2010. Bolívar Lamounier, que fez parte da mesa dos autores, durante o lançamento e debate com autores do livro "Democracia, Crise e Reforma - Estudos Sobre a Era Fernando Henrique Cardoso", realizado no Centro de Convenções da Faap, em São Paulo. - Crédito:SERGIO NEVES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Código imagem:126000 SERGIO NEVES / AGÊNCIA ESTADO Bolívar Lamounier

 O cientista político Bolívar Lamounier enviou uma carta ao procurador-geral da república, Rodrigo Janot, solicitando uma medida contra o ex-presidente Lula, o qual acusa ser responsável por práticas delituosas em relação à oferta de cargos, às vésperas da votação sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Em entrevista à Jovem Pan, Lamounier fala sobre a sua expectativa em relação à Janot: “Ele poderia no mínimo pedir ao STF providências para deter essa operação, que peça detenção preventiva do Lula. Estamos a poucos dias da votação no plenário e só numa república das bananas vemos uma coisa dessa. O presidente Lula acha que é o dono do Brasil. Ele alugou uma suíte e fica lá, em nome da presidente Dilma Rousseff, distribuindo cargos e verbas em troca de consciência. Isso é um escândalo, uma cosia intolerável e numa democracia, espero que o procurador-geral cumpra seu papel.”

O especialista analisa que o Brasil passa por uma crise de representações políticas e critica a Câmara dos Deputados: “Temos um Congresso com muito pouco brilho, com pouca hombridade. (…) Honra é uma palavra rara no plenário da câmara. (…) Nossa democracia parecia evoluir, mas está andando para trás. Temos uma entressafra de lideranças muito ruim, faltam líderes de grande destaque nacional que assumam a responsabilidade”.

Confira a carta de Bolívar Lamounier a Rodrigo Janot:

SÃO PAULO, 06.04.2016
EXMO. SR.
DR. RODRIGO JANOT
DD. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
BRASÍLIA – DF

SR. PROCURADOR:

Valho-me da presente para encarecer a necessidade de uma intervenção urgente e enérgica por parte de Vossa Excelência no sentido de coibir a compra de votos de deputados federais orquestrada e conduzida pelo Sr. Luís Inácio Lula da Silva.

Praticada às escâncaras, em plena luz do dia, sem qualquer disfarce ou rebuço, a referida ação vem sendo amplamente noticiada pela imprensa de todo o país, não faltando sequer a informação do locus faciendi escolhido pelo ex-presidente: o hotel Golden Tulip, em Brasília.

Que se trata de uma prática criminosa, não há dúvida. Faz apenas três anos que o Supremo Tribunal Federal julgou a Ação Penal 470, o chamado “mensalão”, cujo objeto era exatamente o mesmo: a compra de consciências e votos de congressistas. Daquele julgamento resultou a prisão de vários integrantes da “organização criminosa” que a concebeu e perpetrou, alguns dos quais continuam detidos. Não há como ignorar que o famigerado “mensalão” aconteceu durante o período presidencial do Sr. Luís Inácio Lula da Silva.

Como bem sabe Vossa Excelência, os antigos “coronéis” do interior nordestino tornaram-se conhecidos como os grandes vilões de nossa história política. Mas, justiça seja feita, por execráveis que fossem suas ações de aliciamento eleitoral, eles as praticavam com recursos próprios, não com cargos e verbas públicas, como ocorre atualmente nas dependências do mencionado hotel brasiliense.

A imperiosa necessidade da intervenção de Vossa Excelência encontra-se pois claramente configurada, de um lado, pela jurisprudência do STF, firmada em conexão com Ação Penal 470 e possivelmente com outras mais; do outro, pela alta conveniência – reforçada pela proximidade da votação inicial do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara Federal- de impedir o prosseguimento da prática delituosa em curso, implicando inclusive a detenção preventiva de seu autor.

Sem outro particular, reitero-lhe nesta oportunidade os meus votos de elevada estima e apreço.

Respeitosamente,

Bolívar Lamounier

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