Conheça Riga, a cosmopolita e sincrética “Cidade das Mil Caras”
Hoje, nós vamos conhecer Riga, capital da Letônia, e uma das cidades mais cosmopolitas do Leste Europeu. Ouça o programa completo AQUI.
Fundado há mais de 800 anos, o lugar tem cerca de 700 mil habitantes e é o principal ponto comercial da Letônia. No entanto, o destino surgiu como uma boa opção aos turistas só em 1991, quando o país conseguiu a independência da Rússia.
Riga é considerada o lugar com a maior quantidade de construções Art Nouveau do planeta. E isso é motivo de muito orgulho para os letões. Atualmente, no centro da cidade, de cada cinco edifícios, dois seguem esse padrão.
O conceito é representado nas fachadas de monumentos com tijolos coloridos, expressões faciais de homens e mulheres, além de animais, como serpentes, leões e gatos. Tudo isso fez com que Riga fosse mundialmente conhecida como a “Cidade das Mil Caras”.
O estilo Art Nouveau ganhou força no fim do seculo XIX (dezenove) e o principal representante na cidade foi o engenheiro soviético, Mikhail Eisenstein, pai de um dos mais importantes teóricos do cinema, Sergei Eisenstein. O cenário chama tanto a atenção que, em 1997, a UNESCO declarou o centro histórico de Riga como Patrimônio da Humanidade. O local está no mesmo patamar de importância que Viena, São Petersburgo e Barcelona.
O lugar ilustra bem o sincretismo que existe por toda a Letônia. Segundo dados divulgados pelo Ministerio da Justiça no país, 34% da população é luterana, os católicos romanos representam 25% e os ortodoxos 19%. O restante se dividem em muçulmanos, Hare Krishna, judeus, budistas e mórmons.
Até por isso, alguns dos pontos turísticos da cidade são construções religiosas, como a Igreja de São Pedro. Originária do século XIII, o local já foi reformado várias vezes em decorrência das guerras. Hoje, a torre principal têm 123 metros de altura e é de lá que os visitantes têm uma das vistas mais bonitas da capital letã.
A Igreja Velha de Santa Gertrude também merece destaque. O templo luterano foi erguido em 1418. A arquitetura atual do edificio, modelada no estilo neogótico, esconde séculos atribulados de destruição. Assim como a Igreja de Sao Pedro, o templo precisou ser reconstruído algumas vezes em decorrência das batalhas do século passado.
Para finalizar o nosso tour religioso, não deixe de visitar a Catedral da Natividade. A edificação de estilo neobizantino foi construída em 1876, época em que a Letônia esteva sob domínio do Império Russo. Anos depois, durante a Primeira Guerra Mundial, as tropas alemãs converteram a catedral em igreja luterana. Mas desde 1991, o lugar voltou a ser uma igreja ortodoxa.
Quando você visitar a cidade, lembre-se dessa dica importante: sempre que possível faça seu roteito à pé. O trânsito em Riga fica caótico na hora do rush. Para se ter uma ideia, do aeroporto até o centro histório, um trajeto de 10 quilômetros, leva-se em media duas horas de carro.
Os letões são um povo introspective. Portanto, é comum os turistas que visitam Riga se sentirem um pouco isolados.
Mas nada que uma conversa e alguns dias na cidade não resolva. Quando você fizer amigos em Riga, eles com certeza te levarão ao bairro Mežaparks. O nome é traduzido literalmente como “parque florestal”.
No passado, o local serviu como um campo de concentração para judeus, ciganos e comunistas, mas nos dias atuais abriga um dos principais parques da cidade. Frequentado por casais românticos e famílias à procura de lazer, o lugar é elegantemente decorado com cascatas artificiais e esculturas, além da diversidade de flores coloridas.
Um dos principais cartões postais de Riga é a House of the Blackheads ou Casa das Cabeças Negras. A sueca Sofia von Porat, especialista em viagens, conta mais sobre a tradição do lugar.
A House of the Blackheads foi bombardeada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e completamente destruída pelos soviéticos em 1948. Mas por sorte, autoridades locais tinham uma planta reserva e o monumento foi reerguido em 1999.
Riga ainda é bastante medieval e por isso é cercada por torres e fortificações. A mais importante delas é a Pulvertonis, inicialmente nomeada como Torre de Areia, é a única muralha que restou da época das grandes guerras.
No século XVII a edificação foi reestruturada e passou a servir como armazém de pólvora. Por isso, o governo letão chamou o local de Torre da Pólvora, nome que se mantém até os dias de hoje. Não por acaso, é lá que está o Museu da Guerra, que guarda registros desse período de conflitos.
E por falar em museus um dos mais interessantes está no subúrbio de Riga. Trata-se do Motormuzejs, feito em 1989, por uma iniciativa do Clube do Automóvel Antigo da Letônia. O local preserva algumas raridades automobilísticas, como os veículos de Leonid Brejnev e de Josef Stalin.
Outro cartão postal da cidade é a Ponte Vansu com 595 metros de comprimento. Ela é uma das cinco pontes que cruzam o Daugava, principal rio de Riga.
A via foi projetada durante o período soviético, mas só foi aberta ao uso público em 1981. Uma medida importante para tentar amenizar os graves problemas do transporte na cidade, que já mencionamos aqui no programa.
O Mercado Central de Riga também chama a atenção dos turistas. Os pavilhões foram construídos com restos de hangares que inicialmente seriam utilizados em zepellins.
No interior do mercado tem de tudo: flores, produtos de limpeza, vestuário, e, claro, muitos alimentos. Mas uma informação importante: a maioria dos alimentos são vendidos para o preparo doméstico, ou seja, se alimente antes de visitar o mercado.
A Casa do Gato é um dos locais mais conhecidos de Riga. O edifício possui a escultura de um gato preto empoleirado no topo do telhado. Segundo histórias locais, o dono da casa era um rico vendedor que encomendou a obra depois que sua candidatura à Câmara do Comércio, que fica do outro lado da rua, foi rejeitada. O animal foi então posicionado com a calda virada para a câmara.
Os membros da instituição, que se sentiram ofendidos, entraram na Justiça pedindo que o felino mudasse para uma posição menos ofensiva. Eles ganharam o caso, e o gato foi reposicionado com a calda virada para o outro lado da rua, onde está até os dias de hoje.
Um dos lugares mais inusitados da cidade é o Museu da Vodka. A apresentação do estabelecimento nas redes sociais já adianta aos turistas o que eles encontrarão quando visitarem o lugar “Sem cerveja, vinho, rum, jim. Nada de whisky. Vodka, apenas vodka! Todos os tipos e um pouco mais”.
Da última vez que visitei o local, eles estavam entregando alguns tickets que davam direito a três shots grátis da bebida. Portanto, quando você for até lá, fique atento porque frequentemente eles fazem esse tipo de ação de marketing.
As roupas que você colocará na mala quando for visitar para Riga vai depender muito da época da viagem. Aqui nos primeiros meses do ano, a média é de menos seis graus. Mas se você vier pra cá no verão, vai encontrar temperaturas amenas por volta dos 18 graus. Agora, se você gosta de frio e de neve, venha no inverno. A neve cobre o lugar por quase 80 dias e a temperatura chega a vinte graus negativos.
Em geral, os municípios da Letônia gostam de música e Riga é um bom exemplo disso. Já no século XIX (dezenove), eles construíram o edifício da Opera Nacional.
Em 1995, o lugar foi completamente reformado. A acústica do ambiente é privilegiada, o que faz com que o edifício seja constantemente palco para espetáculos de opera, ballet e shows de música dos mais variados estilos.
Atualmente, Riga passa por um embate que pode acarretar mudanças para o futuro da cidade. Enquanto algumas pessoas defendem o desenvolvimento local com mais tecnologia e grandes empreendimentos da construção civil, outros acham melhor manter preservada a história viva da cidade registrada nos edifícios antigos.
Fato é que em 2010 foi inaugurado o Gaismas pils, que significa “castelo da luz”. A construção é a sede da Biblioteca Nacional e também um dos prédios mais altos construídos na Letônia neste século.
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