Contaminação do Rio Doce ameaça abastecimento de milhões de pessoas

  • Por Jovem Pan
  • 17/11/2015 11h41
Uma equipe está sobrevoando Baixo Guandu para acompanhar em tempo real a chegada da onda e então suspender o abastecimento na cidade Secom -ES Água do Rio Doce fica mais escura e indica que lama está perto do ES

 A contaminação do Rio Doce por lama de represas ameaça o abastecimento de milhões de pessoas e, para especialistas, a situação pode ser irreversível.

A mineradora Samarco fechou um acordo com o Ministério Público Federal para o pagamento de R$ 1 bilhão para a reparação dos danos causados. A primeira parcela deste valor deve ser depositada pela empresa em um prazo de dez dias.

Em discurso no G20 na Turquia, a presidente Dilma Rousseff reconhece que a recuperação do desastre em Mariana poderá durar anos: “Nós também vamos discutir a questão de um plano de recuperação, tanto dos afluentes como da própria bacia. Isso não é um trabalho que vai ser resolvido em um, dois, três ou quatro anos. Vai levar tempo para recuperar toda a bacia”. A discussão deverá ocorrer hoje na reunião do Comitê criado pelo governo federal em parceria com os Estados e o Ministério Público.

Professor da UFMG, Marcus Vinícius Polignano, diz que a situação do Rio Doce pode ser irreversível devido à lama vinda das barragens: “Muito do cenário natural do ecossistema do rio, foi praticamente destruído. Perda de lugares onde os peixes procriavam, presença de bentos, que são pequenos animais essenciais para cadeia alimentar do peixe, é um dano absurdo e boa parte é irreparável”.

A preocupação dos ambientalistas agora é com a foz do Rio Doce, por causa da ameaça a espécies que vivem na região dos recifes de Abrolhos.

O Coordenador do Projeto Tamar, João Thomé, afirma que por precaução os animais estão sendo removidos com orientação do Ibama: “Literalmente não sabemos o que vai chegar. Estamos nos preparando para uma água com muita sujeira, com muito sedimento em um primeiro momento e, depois, uma massa de lama, que esperamos que não chegue”. Thomé diz que a contenção física da lama no leito do rio é difícil devido à grande quantidade de material.

O toxicologista Anthony Wong enfatiza que substâncias podem causar prejuízos para as gerações futuras, tamanho o grau de contaminação do solo: “Resíduos que podem contaminar por muitos anos, talvez séculos, e que podem provocar problemas aos filhos, na gravidez das pessoas. Os metais que estavam enterrados estão a céu aberto e muitos vão contaminar o solo, principalmente se forem pesados, como antimônio, chumbo, arsênico, que podem contaminar o ecossistema e as pessoas que moram na região”.

Segundo as equipes de resgate, 12 pessoas permanecem desaparecidas, sendo nove funcionários da Samarco e três moradores de Bento Rodrigues.

Sete vítimas já foram confirmadas e quatro corpos localizados aguardam identificação.

A mineradora Samarco anunciou que o seguro das barragens tem um valor expressivo, mas não cobre todos os danos causados pelo rompimento. Na segunda-feira (16/11) manifestantes fizeram um protesto e jogaram lama na sede da Vale, no Rio de Janeiro.

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